[REPORTAGEM]: Fatboy Slim | Lux Frágil | 9 de Fevereiro de 2012




À pinha. O concerto de Fatboy Slim recebeu uma casa cheia no Lux, no passado dia 9. O DJ britânico foi recebido pelo público português em modo sardinha em lata (aquecida por remixes de clássicos como Star 69 e Rockafella Skank antes de chegar a hora), à moda britânica, às 2 da manhã certas.

“Please allow me to introduce myself, I'm a man of wealth and taste” começa, com o clássico “Sympathy for the Devil” dos Rolling Stones, até chegar ao “Pleased to meet you, hope you guessed my name”. Perguntando, pouca gente sabia o nome verdadeiro de Slim (Norman Cook, para poupar a visita ao Google aos mais esquecidos), mas a verdade é que as respostas recebidas não ficaram muito mais além do que, “É o Slim, mas é o Senhor Slim!”

Este DJ não fala com o público, a modo de evitar a sensação de carrocel de feira (e ainda bem), a não ser pela sua própria energia atrás dos pratos e pelas frases que insere nas suas canções. Através do hit “Praise You”, começa por declarar uma promessa de que iria louvar a audiência como deve ser, como agradecimento da lealdade dos fãs após o longo caminho juntos. ”Put your hands up in the air”, e só uma criança numa montanha russa teria mais vontade para o fazer mais cedo. A festa começa.

Fatboy Slim ofereceu uma poção feita com a seguinte receita: teasers de samples conhecidas pelo público (até se ouviu o tema brasileiro “Surra de Bunda”, “Clandestino” de Manu Chao, o ritmo de “Pon de Floor” de Major Lazer e “Billy Jean” de Michael Jackson ) a espreitar no meio da música anterior, antes de finalmente realizar a transição íntegra na seguinte. E terá sido talvez essa a razão pela qual o piso térreo do Lux se tornou um pouco menos cheio a meio do espectáculo. Ainda que a intensidade apresentada não folgasse por momento nenhum, os seus próprios êxitos faziam passagens muito esperadas mas igualmente folgadas e rápidas. O público, esse, esperando talvez os hits com que muitos cresceram ou as suas respectivas derivadas, fez com que a pista, que se tinha transformado num autêntico palco à festival de verão, com pessoas às cavalitas e a fazer crowd surfing, se tornasse mais folgada, mas ainda bastante cheia, dando apenas azo a maiores saltos e mais dança por parte dos que ali ficaram.

O espectáculo não era nenhum disco riscado, nunca houve um momento em que se entrasse naquela fase de enfado, em que uma pessoa só bate o pé, se balança de um lado para o outro e vai buscar mais uma bebida até ao início da próxima canção ou mudança de ritmo. Nota-se facilmente que o DJ, mesmo após uma carreira de mais de 16 anos, não entra no facilitismo de deixar as músicas do CD falar por si, e tenta ler o ímpeto da audiência. Nota-se também que após 16 anos a fazer girar os discos, Cook ainda gosta do que faz e deixa-se levar pela batida das suas próprias canções, não resistindo a saltar de um lado para o outro no palco por breves momentos, antes de voltar para o seu posto de comando.

As batidas e o baixo mantiveram-se pesados e faziam vibrar as bebidas de quem levantasse o copo perto dos altifalantes. Por trás de Fatboy Slim as letras de “Are We Having Fun Yet?” e “Harder Faster Louder”, luziam e puxavam pelo público. A variação do tom musical passou por muitos lados, desde as vozes claras de R&B, por um House profundo e passando até por momentos um bocado mais acessíveis como a “Bohemian Rhapsody” dos Queen. Nos momentos finais, Cook não perdoou e foi buscar as armas pesadas. Foi até apelar à Imperial March, causando um momento de geekery, onde alguém o decide chamar de Darth Slim. Já eram quase 4 horas da manhã e bem regadas, naquele caso.

E mantendo-se a moda britânica (4 da manhã certas) e ao seu estilo pessoal, Fatboy Slim abriu os braços, desdobrou-se em vénias ao público enquanto “Praise You” tocava no final, em modo esperançoso de que espera que o louvor tenha sido como deve ser. Os assobios, sempre omnipresentes, pareciam chilreares e as pessoas gritavam com um pedido para voltar. Louve-se que Fatboy tinha uma tarefa difícil que foi não utilizar os temas que o tornaram numa das maiores referências nos clubes e discotecas. Não teria desafio nenhum. A reinvenção dos temas serve como um lembrete de que quem estava no palco, não era um simples DJ a pegar em temas existentes e a dar-lhes uma batida diferente, mas era aparente também uma tentativa para puxar o público para outras andanças, talvez para mostrar que não é só de house e tecno que são feitas as festas, e que mesmo quando estes estão presentes, não há mal nenhum em fugir da rotina. Poderá não ter agradado a gregos e a troianos, mas foram muitos os que ficaram… e continuaram.

“Ele já se foi, vamos embora?” “Já? Mas isto ainda está muito longe de morrer!”

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Texto: Carolina Rocha
Agradecimentos: Música no Coração
Artista: Fatboy Slim
Local: Lux Frágil, Lisboa
Data: 9 de Fevereiro de 2012

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