[REPORTAGEM]: Trovante | Coliseu dos Recreios | 31 Outubro 2011



Um Coliseu dos Recreios praticamente esgotado recebeu o Trovante (e não “os”, como Luís Represas alerta lá mais para meio do espectáculo) para a comemoração do seu 35º aniversário.
Naquela que é, sem dúvida, uma das melhores salas (se não a melhor) de Lisboa, o Trovante actuou perante uma plateia repleta de figuras públicas e admiradores da banda. E como as comemorações são para se fazer com os entes queridos à volta, também os familiares e os amigos marcaram presença, nesta noite de festejos e lembranças para o colectivo.
Sala de espectáculos musicais por excelência, dificilmente se arranjaria melhor sítio para mais um dos concertos do Trovante pós separação. E mesmo que estas “reuniões” da banda já não sejam grande novidade (após a sua dissolução voltaram a juntar-se em mais quatro ocasiões) continuam a cativar muitos, que insistem em (quase) esgotar os concertos.
Há duas coisas a destacar neste concerto: a constante cumplicidade entre João Gil e Luís Represas e a coesão dos restantes músicos que compõem o Trovante.
O excelente som na sala foi uma constante, assim como “o coro do Coliseu”, como Luís Represas referiu várias vezes.
“O bom filho à casa torna”, diz Luís Represas, mestre-de-cerimónias do Trovante, dirigindo-se pela primeira vez ao público; porque para quem não sabia, foi dito logo de seguida: “neste dia, há 20 anos atrás, o Trovante dava o seu último concerto nesta mesma sala”.
Assim, este foi um concerto de memórias. De canções, de histórias, de poemas e de pessoas. Luís Represas apresentou-se muito conversador, contando histórias e diversas situações pelas quais a banda passou ao longo dos anos, sempre com um saudável saudosismo muito visível.
A história sobre a gravação de um programa televisivo dá o mote para “Caravela”, muito bem recebida pelo público, assim como o foi “Travessa do Poço dos Negros”, dedicada a Lisboa, a cidade amada do Trovante.
Mas como a história da banda não se fez só por Lisboa, há também espaço para falar sobre o Porto, as peripécias que lá passaram e os poetas de lá que “adoptaram”. “Memórias De Um Beijo” encontra João Gil e Luís Represas sentados ao fundo do palco, numa comunhão que só os músicos com a sua história podem ter. Neste momento deram início a uma sucessão de “hinos” do Trovante, que fez as delicias dos fãs, ou não fossem os sorrisos espalhados nos rostos dos presentes.
Talvez o momento mais “íntimo” da noite tenha sido a interpretação de “Perdidamente”, com Manuel Faria ao piano, numa luz baixa e um Coliseu suspenso com o peso do poema de Florbela Espanca.
Até ao encore foi um desfilar de êxitos com um pequeno discurso sobre o estado da cultura em Portugal pelo meio e com uma “125 Azul” cantada quase inteiramente pelo público.
Sabendo que não era o fim, todo o Coliseu aplaude e bate com o pé (como manda a tradição nesta sala) para que a banda volte. E voltam, juntamente com os tambores para interpretarem “Chão Nosso”, um tema “para os mais antigos”.
O segundo encore é feito após a meia-noite, e toda a gente se junta para cantar os parabéns a Manuel Faria e José Salgueiro, os músicos aniversariantes
Para o final estava guardada “Timor”, capaz de arrepiar qualquer um dos presentes com a solenidade com que foi interpretada.
Um Coliseu dos Recreios rendido aos pés do Trovante, que durante duas horas “devolveram canções” e fizeram mais um bocadinho da sua própria história.


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Texto: Inês Mendes
Agradecimentos: Inha, Paula e Maria Luis
Banda: Trovante
Local: Coliseu dos Recreios, Lisboa
Data: 31 de Outubro de 2011

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