Sábado à noite a lua ainda quase cheia de Outubro viu o Cais Sodré encher-se de corpetes negros e biqueiras de aço. Ali, todos os caminhos foram dar ao espaço TMN ao Vivo, onde se esperava o regresso dos The Mission.
Os Karpe Diem asseguraram uma primeira parte em português, com um rock intercalado pelas palavras reivindicativas do vocalista Paulo Inácio :"O parquímetro aqui custa 8 euros. Ainda há bons negócios neste país."
Os The Mission entraram em palco quando o relógio bateu as 22:20, ao som de uma música que poderia ter sido retirada de uma cerimónia de entrega de óscares dos anos 50. De facto, o retorno dos The Mission a terras lusas foi épico e na plateia esperou-os uma multidão nostálgica do rock gótico dos anos 80. De repente, iniciou-se uma viagem ao passado que só parou na época em que a sociedade apaticamente thatcheriana foi irrompida por uma juventude rebelde, debochada para uns, salvadora para outros.
Hussey, Adams e Hinkler decidiram, mais uma vez, juntarem-se apenas para dar aos fãs a hipótese de ouvirem ao vivo as músicas que fizeram parte da vida de muitos. Os acordes de "Stay With Me" electrizaram o público, tornando quase dispensável a voz de Hussey."Deliverence", "Serpent's Kiss" e "Severina" serviram de catapulta para atirar o espectáculo para os píncaros mas uma "Like a Child Again" acústica, apenas com Wayne Hussey em palco, transformou o espaço num ambiente mais intimista do que aquilo que o TMN ao Vivo podia esperar.
O concerto acabou com dois 'encore' de despedida difícil e a saudade dos tempos áureos do rock gótico não tardou em regressar. "Esta digressão vai ser só sobre o passado", disse uma vez Wayne Hussey. A missão foi com certeza cumprida.
Fotografia: Joana Sousa
Texto: Marta Gregório
Agradecimentos: Everything is New
Banda: The Mission
Local: TMN ao Vivo, Lisboa
Data: 15 de Outubro de 2011
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