[REPORTAGEM]: Paredes de Coura (5º Dia) | Praia F. Taboão | 20 Agosto 2011



Chega hoje ao final a 19ª Edição do Festival Paredes de Coura e a corrida às últimas t-shirts é notória: a banca de merchandising encontra-se quase vazia e são muitos os que passeiam orgulhosos a sua nova aquisição. Num dia maioritariamente dedicado à distorção, nem a ameaça de chuva afastou o público. Em jeito de balanço final, registou-se uma grande afluência - talvez porque quem vem a Paredes de Coura acaba sempre por voltar e passar a palavra. A prova é que não foram necessários grandes patrocínios para se verificarem numerosas enchentes (sem muita confusão, diga-se) e pudemos constatar que o desconhecimento em relação ao nome e respectivo estilo de algumas bandas do cartaz provocou apenas curiosidade e nunca uma antipatia forçosa. Destaque para Maika Makovsky que hoje veio substituir os americanos Foster The People.

Peixe:Avião – 18h – PALCO 2
Os Peixe:Avião fazem parte da casa e foram os primeiros a entrar em palco quando uma pequena multidão já os esperava. O vocalista Reinaldo Fonseca, hoje mais solto que o habitual, deixou-se levar pelas guitarras eléctricas e convida o público a acompanhá-lo na viagem. De notar que, mais uma vez, encontramos Adolfo Luxúria Canibal na plateia. Só nos vem à ideia uma certeza: Braga é mesmo cidade de boa música.

Linda Martini – 18:30h – RITEK
Os Linda Martini também já não precisam de apresentações. Pela quantidade de miúdas a exibir t-shirts da banda é mais do que óbvio que o anfiteatro vai encher-se de energia e que o calor até vai ajudar à festa. Dito e feito. Quatro anos após a última actuação em Paredes de Coura, a banda de André Henriques e companhia suou e apaixonou o público. A entrega do grupo em palco foi brindada com gritos de admiração. Nada a que eles já não estejam habituados. Mas porque ”é bom estar de volta”, há sempre vontade de atirar velhos êxitos que levam ao delírio os mais jovens. Dá-me a Tua Melhor Faca é sucesso garantido e faz subir a adrenalina. Ainda houve tempo para Hélio Morais se lançar à multidão e tudo. Depois deste espectáculo estrondoso arriscamos dizer que os Linda Martini mereceram bem o palco principal, até porque são portugueses e são bons; pois são.

Kurt Vile – 19:15h – PALCO 2
É tempo de rumar ao Palco 2 para espreitar Kurt Vile. O rapaz já anda em cima do palco a fazer os últimos preparativos para a actuação e vem acompanhado pelos Violators. Enquanto os Linda Martini ainda se ouvem ao longe, as fãs aproveitam para tirar algumas fotografias ao homem de Baby’s Arms. Ele entra sozinho em palco, cabelo à frente dos olhos e só isso parece chamar a atenção de todos porque de repente olhamos para trás e a plateia estende-se até perder de vista. Há ali um certo charme misturado com uma inocência perdida, não sabemos bem explicar o que é. O que é certo é que chegamos a bom porto e encontramos um bom concerto de fim de tarde, para ouvir de cerveja na mão.

Maika Makovsky – 19:45h – RITEK
Muita gente esperava os americanos Foster The People mas o que encontrou à frente foi uma espanhola bonita, acompanhada de três músicos. Maika Makovsky é o seu nome. A pergunta impunha-se: ”Quem é esta?” E a verdade é que quase ninguém soube resolver essa dúvida. Aparte um senão que não impediu o público de se sentar em poses cada vez mais insólitas de descanso e ouvir atentamente aquele domínio vocal a fazer lembrar uma PJ Harvey nos momentos mais intensos e furiosos.

Viva Brother – 20:30h – PALCO 2
No palco secundário estão poucas dezenas de espectadores. Mas quem ouvisse os Viva Brother ao longe poderia julgar que a plateia, afinal, era imensa. Porque os ingleses não se deixaram intimidar e lançaram blues e guitarradas como se não fosse preciso alguém ouvir o que eles estavam ali a fazer. Ignorar o universo à volta parece-nos bem. E assim se segurou um espectáculo na maior das descontracções.

Two Door Cinema Club – 21:05h – RITEK
A culpa do vazio no palco secundário (e até na praça de alimentação) deve-se aos Two Door Cinema Club. Apercebemo-nos disso quando nos aproximamos e reparamos na animação da malta que dança e salta e canta com a força toda que ainda lhe resta. Durante uma hora, a banda irlandesa não deu descanso. Alguns diziam ”isto é bom para desanuviar”, outros achavam que ”sim senhor, é bom, mas não sai dali, paciência”. E todos se levantaram, nem que fosse por momentos, naquelas canções veranistas que entram no ouvido como uma flecha. I Can Talk (ai a publicidade da TMN!) agitou o pó de uma tal maneira que passamos a entender a adoração pelos Two Door Cinema Club na pele.

No Age – 21:45h – PALCO 2
Agora é correr mais um bocado, chegar a tempo de ouvir os californianos No Age e abanar o capacete até não poder mais. Duas pessoas em palco (Randy Randall e Dean Allan Spunt) e o público a delirar com tanto ruído e pujança.

Mogwai – 22:30h – RITEK
Depois de uma ausência prolongada, os Mogwai regressam a Paredes de Coura - doze anos volvidos desde a última aparição – para provar que o seu pós-rock instrumental e atmosférico vale bem a pena e consegue calar até os mais faladores. Sentado ou de pé, o público não dá azo a grandes euforias mas a beleza do que ali se está a ver e ouvir ultrapassa qualquer dúvida mais recatada. No final do concerto, (já tocaram dez músicas?) eram muitos os que ainda estavam de lágrimas nos olhos, completamente embasbacados e sem saber muito bem o que dizer acerca da elegância dos escoceses em palco. Foram setenta e cinco minutos de viagem num mar de distorção e num alvoroço enorme de emoções.

Death From Above 1979 – 00:15h – RITEK
A fúria e as pulsações de uma pista de dança punk deram trabalho aos seguranças à frente do palco como nunca visto até então durante esta edição do Paredes de Coura. Eram os Death From Above 1979. Para além do mosh, muitos foram os que se aventuraram pelo crowd surfing ao longo de todo o concerto. Dead Womb, Going Steady e Romantic Nights incendiaram os ânimos na plateia mais próxima do palco – uns felizes por verem pela primeira vez a dupla que recentemente voltou a juntar-se, outros por repetirem a dose depois do concerto em 2005. Com apenas um álbum, You’re a Woman, I’m a Machine e um EP, a dupla canadiana encerrou o cartaz do palco principal com a maior nuvem de poeira desta edição.

Orelha Negra & Terry Holligan vs. Rico Tubbs – AFTER HOURS
Os Orelha Negra fizeram as honras e encerraram o cartaz do palco , sem grandes surpresas mas em boa forma, enquanto uma pequena multidão se concentrava em frente aos televisores para acompanhar o jogo da Selecção Sub-20, seguidos de Terry Hooligan vs Rico Tubbs. Não sabemos se o futebol dispersou as atenções, mas podemos atirar ao ar uma curta interrogação: terá sido esta a melhor escolha para encerrar um festival tão bem sucedido? Ora, não interessa, para o ano há mais.



REPORTAGEM FESTIVAL PAREDES DE COURA 2011:
1º e 2º Dias (16 e 17 Agosto 2011)
3º Dia (18 Agosto 2011)
4º Dia (19 Agosto 2011)
5º Dia (20 Agosto 2011)


FESTIVALEIROS




PALCO RITEK




PALCO 2




AFTER HOURS





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Fotos: Hugo Lima (gentilmente cedidas pela organização)
Texto: Vanessa Silva
Agradecimentos: Ritmos
Local: Praia Fluvial Taboão, Paredes de Coura
Data: 20 Agosto 2011 (5º dia do festival)

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