[REPORTAGEM]: Paredes de Coura (3º Dia) | Praia F. Taboão | 18 Agosto 2011



Ao segundo dia, aquele que por sinal foi o mais aguardado muito à custa dos ingleses Pulp, as temperaturas subiram, o rio continuava apinhado de gente e a leitura parecia ser um bom escape a quem quisesse ocupar o tempo antes de regressar ao recinto. Vêem-se barcos insufláveis por todo o lado e as guitarras ecoam cada vez mais alto no parque. Correm rumores de que Erlend Oye, dos Kings Of Convenience, também já se encontra por Paredes de Coura a dar uns mergulhos e o burburinho vai crescendo enquanto o fim de tarde se aproxima.

Murdering Tripping Blues - 18h - PALCO 2
Podemos não ter visto a cara fofa dos Kings Of Convenience, mas demos de caras com Adolfo Luxúria Canibal a assistir ao concerto dos Murdering Tripping Blues. A banda de Lisboa quase que parecia estar a tocar por impulso e apresentou o mais recente projecto Share The Fire. Os que ali estavam a ver agradeceram a entrega em palco e nós pusemo-nos a caminho do concerto dos Crystal Stilts e a rezar por uma sombra que nos abrigasse.

Crystal Stilts - 18:30h – RITEK
O quinteto de Brooklyn não se fez esperar e entrou no palco principal aplaudido por uma plateia simpática e generosa tendo em conta aquela hora do dia. Temas como Flying Into The Sun a cheirar tanto a Verão conquistaram facilmente os nossos ouvidos mas o mesmo não se pode dizer do vocalista que pouco interagiu com o público. Souberam, pelo menos, agradecer a cerveja e desejaram um bom fim-de-semana. No mínimo, curioso.

Here We Go Magic - 19:45h - PALCO 2
Do concerto dos Here We Go Magic fica na memória o ”Muito Obrigado, Porto!” tão natural como divertido assim como a camisa colorida de Luke Temple. O público é numeroso e incentiva esta e aquela música, contribuindo sempre para o bom ambiente num fim de tarde que se quis alegre, mesmo com a concorrência inofensiva dos Twin Shadow no palco principal.

Twin Shadow - 19:45h – RITEK
Muita gente para ver Twin Shadow. George Lewis Jr. trouxe alguns curiosos ao Minho, os tais que não conseguiram vê-lo anteriormente, em passagens breves pelo nosso país. Pela terceira vez em Portugal, a simpatia do vocalista e restantes membros contagiou os presentes e – nada que não se esperasse – pôs os fãs a cantar as suas músicas na ponta da língua. Quando Slow começa a tocar, um dos temas mais conhecidos de Forget, o público não se faz rogado e responde em sorrisos e aplausos. Saímos do concerto a pensar que os Twin Shadow mereciam mais tempo naquele palco. Ou então somos nós que estamos com pressa. É que não queremos mesmo perder pitada deste festival.

We Trust - 20:30h - PALCO 2
Chegamos àquela que é provavelmente a surpresa nacional do ano porque, quase sem sabermos quem eles são, já toda a gente trauteia a (Time) Better Non Stop sem parar. E se nós não os conhecíamos bem, o mesmo não se pode dizer da quantidade de fãs que ali os esperavam. E foi ouvi-los cantar em alto e bom som, acreditem.

Warpaint - 21:05h – RITEK
Depois de terem passado por Aveiro, as Warpaint voltaram ao nosso país. E já tínhamos saudades. Quatro raparigas divertidas a dividir o protagonismo e o público a adorar. Até dizem que somos sexy e tudo. Ora, se isso não é simpatia não sei bem o que seja. Mas falemos da música propriamente dita. Atrair as atenções é tarefa pouco complicada e, talvez por culpa do videoclip de Undertow que passou repetidamente nos ecrãs do festival, a verdade é que muitos acompanharam a letra com um vísivel à vontade quando a música deu ares da sua graça. O quarteto despediu-se e não se esqueceu de elogiar as paisagens deslumbrantes de Paredes de Coura.

Esben & The Witch - 21:45h - PALCO 2
Estávamos nós ainda a ouvir o concerto das Warpaint quando o som vindo do outro palco começou a exigir atenção completa. Ao longe vemos luzes azuis e roxas e ouvimos gemidos a reclamar uma compaixão latente. Parece tudo tão intenso que, nesta primeira visita a Portugal, Rachel Davies e companhia levam consigo mais uma catrefada de seguidores. O single de estreia – Marching Song – hipnotizou quem lá estava e as imagens projectadas entraram fortes pelos olhos dentro. E depois foi ver o guitarrista de bombo na mão a celebrar o final daquele que foi um dos concertos mais surpreendentes da noite.

Blonde Redhead - 22:35h – RITEK
Kazu Makino entra em cena com um vestido branco de respeito. O ar exótico da vocalista atrai até os mais distraídos e aquela dança tão característica e voz tão doce trata de chamar os indecisos para junto do palco principal. Here Sometimes abriu - assim como quem não quer a coisa - a actuação dos Blonde Redhead e serviu de aperitivo para um concerto memorável. Sem grandes conversas com o público, estavam ali para impressionar e conseguiram. O cenário alternava luzes brilhantes, grandes focos e pequenas lamparinas, ajudando tanto à introspecção como lançando os mais emocionados em gritos e saltos vistosos. Lá à frente, um cão amarelo insuflável (mais conhecido por Piruças e que marcou presença em todos os concertos) era agitado no ar como se esperasse um beijo soprado da vocalista. A loucura chegou um pouco mais à frente quando 23 e Misery Is A Butterfly pediram licença ao falatório para roubar as atenções. Foi um tiro certeiro naqueles que já estavam familiarizados com a melancolia da banda e soube a pouco, a muito pouco, porque também soube ser notável.

Pulp - 00:15h – RITEK
Não há que enganar: estamos aqui propositadamente para ver os Pulp e desfazermo-nos em sorrisos e suspiros e saltos acrobáticos com o Jarvis Cocker. Espanhóis, portugueses, todos. O pano caiu e quinze anos depois os Pulp voltaram para encantar. Pediram barulho, fizeram os mais cansados levantar os pés do chão. Ainda nos perguntaram se estávamos prontos para a festa e até nos ofereceram um golfinho, vejam lá. Os óculos são inconfundíveis, a voz então nem se fala. Jarvis fala e fala bem e quase não damos conta que por entre a conversa animada a banda se vai dissipando em êxitos prováveis e quase esquecidos. Disco 2000, Something Changed e – só podia ser esta – Common People a marcar a despedida. Não deixou de ser comovente ver, de longe, uma plateia eufórica a saltar ao ritmo das luzes psicadélicas que, de vez em quando, cobriam o recinto. Afinal estava tudo bem ensaiado. Depois do fim, muitos diziam: ”o concerto do ano, pá! O concerto do ano!” Isso não sabemos, mas que valeu a pena o esforço das pernas cansadas, valeu.

Delorean & Riva Starr – AFTER HOURS
Mais dança e alegria com Delorean e Riva Starr no Palco After Hours. Mas sejamos sinceros: a esta hora o corpo já pedia umas tréguas e era quem mais se deitava na relva à procura do “João Pestana”, a passar pelas brasas. Mas depois havia de chegar alguém (os seguranças, sempre tão zelosos) que nos abanasse com convicção e a rusga seguiria até ao After Hours, mais precisamente. Aguentem-se nas canetas, vá.



REPORTAGEM FESTIVAL PAREDES DE COURA 2011:
1º e 2º Dias (16 e 17 Agosto 2011)
3º Dia (18 Agosto 2011)
4º Dia (19 Agosto 2011)
5º Dia (20 Agosto 2011)


FESTIVALEIROS




PALCO RITEK




PALCO 2




AFTER HOURS



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Fotos: Hugo Lima (gentilmente cedidas pela organização)
Texto: Vanessa Silva
Agradecimentos: Ritmos
Local: Praia Fluvial Taboão, Paredes de Coura
Data: 18 Agosto 2011 (3º dia do festival)

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