Ao terceiro dia, o sol continua implacável e o calor vai incomodando os mais sensíveis mas nada que não se possa combater com uns mergulhos rápidos e uns leques improvisados nas cores da moda. O dia promete ser do rock ainda que ali pelo meio estejam uns Kings Of Convenience bastante acarinhados pela sua música levezinha e uns Metronomy dançáveis em evidente regozijo de fama no nosso país. A excursão de vespas, moscas e mosquitos – diga-se - também já não assusta ninguém. Estamos prontos para mais uma grande dose de boa música, é o que é.
You Can’t Win, Charlie Brown - 18h - PALCO 2
São tantos em palco – ao todo, seis – mas a calmaria reinou no concerto dos You Can’t Win, Charlie Brown. Eles que foram bastante elogiados pela crítica no ano passado, ajudaram a sossegar um público que mostrou bastante vontade de os ver. A satisfação dos que assistiram foi vísivel numa só voz quando, ao dispersarem, alguém gritou: ”Foi altamente, parabéns!”
The Joy Formidable - 18:30h – RITEK
O anfiteatro natural está bem composto para dar as boas-vindas à banda britânica. Este trio do indie-rock apresentou o seu primeiro trabalho The Big Roar. Pela empatia imediata com o público depreendemos aqui uma ligação que está para durar. As guitarras tomaram conta do espaço e a bateria de Buoy partiu tudo o que encontrou à frente. O público gostou, isso é certo.
Trail Of Dead - 19:35h – RITEK
Vemos uma banana a voar misteriosamente para os braços de alguém. São os Trail Of Dead a entrar em palco todos vestidos de negro. A maior parte das pessoas continua sentada porque provavelmente não sabe o que aí vem. Há quem aproveite até para ler o jornal. Tudo bem, não há crise. Guitarras agressivas, um baixista irrequieto e uma bateria poderosa (aliás, podemos afirmar com muita convicção que este festival pertenceu aos bateristas, mas falemos disso lá mais para a frente…) foi o suficiente para chamar mais público e acabar em beleza com a Will You Smile Again, música essa que mais parece um hino de tão eficaz que é.
Summer Camp - 20:15h - PALCO 2
Desconhecidos para muitos dos que pisaram o festival neste dia, os Summer Camp apareceram para substituir a ausência dos Jamaica, anteriormente confirmados. Havia até quem não soubesse destas pequenas alterações à última da hora mas não foi por isso que deixaram de ser bem recebidos pelos festivaleiros mais aluados.
Battles - 20:40h – RITEK
Com a vossa permissão: este foi um dos melhores concertos deste festival. É preciso tratar as coisas pelos nomes e também relembrar a importância que os bateristas tiveram por estes lados. Aqui está mais uma prova viva disso mesmo: é sempre bom partir a loiça toda quando nem sequer se está à espera de nada que se pareça. O trio nova-iorquino entrou a matar e o público reagiu em conformidade. Foi dançar até escurecer e a aposta foi ganha num abrir e fechar de olhos. Os painéis colocados por detrás dos músicos em palco entretinham-nos ao mesmo tempo que aqueles movimentos esquizofrénicos nos despertavam os sentidos. As participações audiovisuais de Kazu Makino e Gary Numan enfeitiçaram e surpreenderam. Bendita originalidade a ensinar-nos a respirar ar puro. Não é preciso dizer que vos queremos de volta, pois não?
Deerhunter - 21:50h – RITEK
Assombro foi a palavra de ordem. Bradford Cox, a verdadeira personagem dos Deerhunter não se cansou de elogiar Portugal e ofereceu-nos uma actuação potente em que o som chegou muitas vezes a ser estridente e a incomodar os ouvidos. Nada que não fosse recompensado depois. Don’t Cry, Desire Lines e Memory Boy fizeram parte do rol de preciosidades que os Deerhunter souberam atirar aos festivaleiros. ”Vamos tocar uma última música, que por acaso até calha de ser longa”, dizem eles. Não faz mal. Os Kings Of Convenience podem esperar mais um bocadinho.
Kings Of Convenience - 23:20h – RITEK
Os Kings Of Convenience caíram de pára-quedas num dia dedicado ao rock e é verdade: quando pensamos neles, pensamos em coisas fofinhas, bossa-nova e bolas de sabão. Isto tudo para dizer que a coisa podia até ter corrido muito mal, mas não. Mal os noruegueses entraram no palco a ovação foi brutal e nem acreditamos que a paz e o sossego podiam voltar a reinar depois de tamanha recepção. Mas o Éden tem destas coisas e se Erlend Oye se diverte a navegar num barquinho de borracha durante a tarde, os adeptos fervorosos do rock também podem ser simpáticos e dizer olá aos Kings Of Convenience, não é verdade? O silêncio foi uma constante. Não sabemos se seria o cansaço a falar mais alto, mas parece que o público se rendeu à ternura musical e à atmosfera tranquila deste concerto. Olhos fechados, palmas bem ensaiadas e suspiros até mais não. Homesick a fechar e a receita parece ter resultado: Paredes de Coura nunca esteve tão serena e a brotar tanto encanto.
Marina & The Diamonds - 01:10h – RITEK
A fazer calar algumas vozes mais revoltadas, Marina & The Diamonds surge como cabeça de cartaz, sem medo da debandada geral depois do concerto de Kings Of Convenience. Loira, contente e visivelmente diferente, Marina tenta concentrar as atenções através do seu vozeirão marcante mas perde-se algures entre goles de vinho e uma energia estranha que, na sua maioria, não entranhou na pele dos que por ali ficaram. I Am Not A Robot, tema que a popularizou, serviu de destaque para salvar a noite desta mulher sexy que encerrou o palco principal.
Metronomy & Mixhell – AFTER HOURS
A festa continuou com os Metronomy no Palco After Hours. A banda de música electrónica veio apresentar o seu terceiro trabalho, The English Riviera, e a julgar pelo público entusiasta que tanto os esperou (alguns compraram bilhete apenas por causa deles) foi bem sucedida nas suas funções.
REPORTAGEM FESTIVAL PAREDES DE COURA 2011:
1º e 2º Dias (16 e 17 Agosto 2011)
3º Dia (18 Agosto 2011)
4º Dia (19 Agosto 2011)
5º Dia (20 Agosto 2011)
Fotos: Hugo Lima (gentilmente cedidas pela organização)
Texto: Vanessa Silva
Agradecimentos: Ritmos
Local: Praia Fluvial Taboão, Paredes de Coura
Data: 19 Agosto 2011 (4º dia do festival)
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