[REPORTAGEM]: Marés Vivas (3º Dia) | Cabedelo | 20 Julho 2012



Talvez por ser sexta-feira ou talvez por ser o dia com o cartaz mais eclético, o Marés Vivas TMN conseguiu no seu terceiro dia a maior afluência desta edição. A organização falava em 25 mil pessoas. Para um recinto do tamanho deste, é obra!


Às 21h certas, a pergunta que se impunha era “quem é Ebony Bones?”. Um aparato de fumo branco e negro emergia do palco e deixava ver duas figuras envergando cabeças de cavalo e duas pequenas baterias. Pouco depois surgia a figura excêntrica da própria Ebony Bones, com a sua enorme cabeleira afro. A verdade é que apesar da dúvida, não foram muitos os que se deslocaram até ao palco principal para perceber afinal de que se tratava. Uma plateia muito parca era o que se podia encontrar nesta zona, o que não desmoralizou a cantora inglesa que gritava constantemente “Façam barulho”.
Imparável na dança e na correria pelo palco, Ebony escolheu o single "W.A.R.R.I.O.R." para abrir o concerto. O ritmo tribal misturado com sintetizadores e uma ligeira tentativa de punk pop foram a constante, até ao momento em que, envolta num esvoaçante vestido branco, Bones decidiu quebrar o ritmo e servir-se de “Enjoy the Silence” dos Depeche Mode para acalmar o concerto. Seguiu-se nova mudança de roupa e mais tentativas de puxar pelo público, que apenas nas primeiras filas se mostrava recetivo. Desafinada nalguns momentos, Bones não convenceu o público do Marés Vivas e terminou o concerto como começou, com muito pouca gente para a aplaudir.


Um enorme “AZ” iluminava o fundo do palco d’Os Azeitonas. Uma gravação estilo radiofónica apresentava a banda, num tom jocoso, e desta vez já muita gente se concentrava junto ao palco principal para receber a banda.
Esta foi a terceira vez que Os Azeitonas atuaram no Marés Vivas, mas a primeira neste palco. Se havia nervosismo, não transpareceu. Os portugueses portaram-se à altura do desafio e mostraram-se merecedores de pisar aquele palco. “Salão América” deu início à festa e ao registo algo cabaret.
“Quem És Tu, Miúda” resultou no previsto, toda a gente a cantar e a saltar, incluindo todos os elementos da extensa banda que acompanha Os Azeitonas. A surpresa (para alguns) da noite chegou quando Nena sozinha cantou “Nos Desenhos Animados”, e Rui Veloso surgiu para fazer o solo respetivo e ajudar nos últimos versos da canção. O músico português permaneceu em palco e “A Paixão” foi interpretada por toda a banda e por todo o Marés Vivas em uníssono. “Anda Comigo Ver os Aviões”, uma das canções do momento, foi, obviamente, a mais bem recebida e teve um gostinho especial por ser em parte interpretada pelo “pai do rock português”.
Os Azeitonas despediram-se de Gaia e saíram vencedores, dando o melhor concerto da noite.


Billy Idol era, de certo, o nome mais aguardado da noite. Quer fosse por se gostar muito do senhor, quer fosse pela curiosidade de saber como é que o músico de 56 anos ainda tem estaleca para estas andanças. E assim, um Billy Idol (quase) irreconhecível fisicamente (se não fosse pelo cabelo platinado) apresentou-se perante uma multidão desejosa de ouvir os clássicos dos anos 80. “Dancing With Myself” logo no início arrancou os primeiros fervorosos aplausos. O músico britânico continua igual nos trejeitos de bad boy e na voz rouca. A dupla que faz com Steve Stevens resulta muito bem, ou não fossem os longos anos a que são companheiros. Este último tem carta branca para fazer as tropelias que quiser e tal como nos concertos old school, há aqui espaço para solos de guitarra, solos de bateria e muita megalomania. Billy Idol veste t-shirts com a sua própria cara estampada, as faixas que adornam o fundo do palco são de fotografias suas e tudo gira à sua volta. Para o fim ficaram reservados os três hinos do cantor: “Rebel Yell”, “White Wedding” e “Mony Mony”, todas de seguida, todas acompanhadas por um público fiel.


Os Gogol Bordello voltaram a fazer das suas, ontem em Vila Nova de Gaia. Presença habitual no nosso país nos últimos anos, está mais que provado e comprovado que a fórmula guitarra-violino-acordeão funciona.
Eugene Hutz, mestre de cerimónias, apresenta-se igual a si próprio, ansioso de pôr toda a gente a dançar e transformar a noite em autêntica festa circense. Conseguiu, não há dúvida. Eram muitos os grupos que se espalhavam pelo recinto dançando e cantando e empunhando bebidas, numa folia desenfreada.
Todas as canções conhecidas foram tocadas, todas as menos conhecidas (mas não menos calorosamente recebidas) também. Para a despedida a banda demorou-se longos minutos em palco para agradecer o carinho do público português. Vitória garantida.

REPORTAGEM MARÉS VIVAS 2012:
1º Dia (18 Julho 2012)
2º Dia (19 Julho 2012)
3º Dia (20 Julho 2012)
4º Dia (21 Julho 2012)

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Texto: Inês Mendes
Fotos: Helena Costa
Agradecimentos: PEV Entertainment
Local: Cabedelo, Vila Nova de Gaia
Data: 20 Julho 2012 (3º dia do festival)


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