[REPORTAGEM]: Marés Vivas (2º Dia) | Cabedelo | 19 Julho 2012



O segundo dia do Marés Vivas TMN foi dedicado a bandas que terminaram e que se voltaram a juntar. A exceção foi, obviamente, Kaiser Chiefs.


A abrir o palco principal, os Gun, trazidos a Vila Nova de Gaia por estarem em digressão com os The Cult, depararam-se com uma plateia muito vazia.
Ainda de dia, o público espalhava-se pelo recinto noutras atividades e os riffs poderosos dos Gun demoraram a surtir efeito na multidão.
Ainda assim os escoceses entraram em palco decididos a captar a atenção do público português, pedindo palmas e gritos em coro desde o início.
Em palco, a banda é uma autêntica miscelânea, cada elemento com seu estilo, cada um a atuar por si. Na verdade mais parece que estamos perante uma qualquer banda de covers (e de certeza que há muitas que fazem covers dos Gun), que toca ali no bar ao sábado à noite. Mas eis que “Don’t Say It’s Over” começa e afinal até conhecemos alguma coisa destes senhores.
À medida que o concerto avançava e já a noite tinha caído, a plateia ia ficando mais composta e mais mãos surgiam no ar para aplaudir a banda. O momento mais entusiasmante deu-se com “Word Up”. A cover dos Cameo chegou para resgatar os Gun do seu próprio concerto morno e conseguiu aguentar o público por mais uns minutos. A terminar, “Shame on You” do primeiro álbum da banda, nos idos de 1989. Animou mas não deixou particular saudade.


Dois anos decorridos da presença no Festival Paredes de Coura, Ian Astbury e companhia regressam ao norte para apresentar o seu pós-punk/gótico/alternativo/rock.
No momento em que os The Cult pisaram o palco, a plateia estava bem mais composta. Muitas pessoas mais velhas preenchiam o recinto e a nostalgia era palpável no ar. Nos ecrãs laterais do palco viam-se imagens de subúrbios ingleses, de lugares abandonados e de figuras demoníacas. Ian Astbury surge no meio dos companheiros e “Little Devil” começa de rompante.
Muita gente acompanha as canções, dança, bate o pé e abana a cabeça. O espírito do The Cult está bem vivo. Se calhar a idade não pesa assim tanto como se pensaria e a verdade é que a banda tem um novo álbum, de onde um par de canções foi escolhido para tocar no Festival Marés Vivas TMN.
Com pouco espaço para conversas, o concerto foi sempre a abrir, sempre num registo fiel às gravações em CD, sem grandes divagações.
“Gostam de rock’n’roll?”, perguntava Astbury antes de dar início a “She Sells Sanctuary”. Um concerto competente, sem grandes surpresas que cumpriu o esperado.


Se havia regresso muito ansiado, era o dos Garbage. Prova disso são os milhares que ontem se deslocaram ao Cabedelo para ver na primeira pessoa Shirley Manson - toda ela charme - e restantes companheiros.
Em estilo meio burlesco e com um vistoso casaco de pelo, Manson deu inicio à festa com “Automatic Systematic Habit ”, do último álbum.
Já sem o casaco vestido, a sequência “I Think I’m Paranoid”, “Shut Your Mouth”, “Queer” e “Stupid Girl” (nesta última também já sem saltos altos) animou o público, sedento de clássicos da banda norte-americana.
Para gáudio dos presentes, Shirley Manson elogiou a cidade do Porto e a sua arquitetura dizendo que a recordava de São Francisco e Goa, duas cidades que ela sabia terem uma enorme influência portuguesa. “Deus abençoe os Portugueses”, gritou.
A partir daí, foi um desfilar de canções clássicas, verdadeiros hits radiofónicos que mantiveram toda a gente ávida por mais música. Aos 45 anos, Manson está em plena forma e não se retrai nem um pouco quando repreende um fã que, aparentemente, lançava papéis para o palco, dizendo-lhe “Vou chamar a segurança. Queres ir a correr para a tua mamã a chorar?”. Reposta a ordem, algumas músicas do último álbum abrilhantaram o alinhamento, mas a festa só estaria concluída com a fantástica “Push It”, que foi claramente o clímax do regresso dos Garbage aos concertos. Só faltava mesmo “Only Happy When It Rains”, numa versão mais arrastada e praticamente toda cantada pelo público. Os Garbage despediram-se do Marés Vivas TMN com agradecimentos sentidos e um sorriso nos lábios.


Que os Kaiser Chiefs são muito queridos do público português, já toda a gente sabe. Que esta foi a segunda vez no espaço de sensivelmente um mês que se apresentaram no nosso país, também. E que os seus concertos são sempre um misto de boa música, muita energia e muita confusão, ainda mais. Principalmente sabe-se que Ricky Wilson é o incansável vocalista dos Kaiser Chiefs, que nunca para quieto e que em cada concerto arranja sempre algum sítio para trepar, aparecer sem aviso e surpreender toda a gente.
No Marés Vivas TMN escolheu a ladeira lateral do recinto para cantar “Take My Temperature”, já perto do fim.
Antes disso, foi, como sempre, dono e senhor do palco onde passa o tempo todo a saltar, a puxar pelo público e a dizer as habituais palavras de ordem “Nós somos os Kaiser Chiefs!”, vezes e vezes sem conta. Um alinhamento de luxo, em tudo semelhante ao apresentado no Rock in Rio Lisboa deste ano, conseguiu pôr toda a gente a cantar e a bater palmas, começando logo pela abertura com “Never Miss a Beat”. Claro que a loucura chegou com o combo “Everyday I Love You Less and Less” e “I Predict a Riot”, aqui já com Wilson a subir à estrutura lateral esquerda do palco.
Para o encore decidiram aceitar pedidos mas inevitavelmente o final foi feito com “Oh My God”, que se prolongou por muito mais tempo que a canção original, com toda a gente a gritar o refrão em uníssono.

Hoje o Marés Vivas TMN prossegue com Gogol Bordello e Billy Idol como cabeças de cartaz.

REPORTAGEM MARÉS VIVAS 2012:
1º Dia (18 Julho 2012)
2º Dia (19 Julho 2012)
3º Dia (20 Julho 2012)
4º Dia (21 Julho 2012)

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Texto: Inês Mendes
Fotos: Helena Costa
Agradecimentos: PEV Entertainment
Local: Cabedelo, Vila Nova de Gaia
Data: 19 Julho 2012 (2º dia do festival)

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