À quarta noite do festival que tem vindo a acontecer em Cascais, é vez de Erykah Badu, subir ao palco, com o estatuto de estreante no nosso país. Praticamente já a caminho das onze da noite, entra em cena Rashad “Tumbling Dice” Smith, o DJ que acompanha a digressão, que entretém a multidão com clássicos de Michael Jackson ou Bob Marley, despertando a boa vibe dos presentes, que dançam na companhia de cervejas de valor inflacionado e nuvens de cigarros, alguns ainda ilegais em Portugal.
Quando Erykah e os seus músicos tomam conta da ribalta, o entretenimento ganha outros contornos menos felizes: arranjos musicais confusos, contagiados por ritmos trapalhões, alguma dislexia na interpretação dos temas e uma irritante e barulhenta mini bateria eletrónica, que a cantora faz questão de usar ocasionalmente antes, durante e depois das músicas.
Entre lições de vida e conselhos de moral, como um clássico “só se vive uma vez” - qual mural de Facebook de uma solitária catlady quarentona - Erykah apresenta o conceito por detrás da sua ainda incompleta trilogia «New Amerykah», transformando o festival de cascais numa espécie de filial do festival do avante.
Para o final, Erykah tira do saco o seu hit “Bag Lady”, com uma roupagem mais reggae e com direito a crowdsurfing. Perante um público cansado e, diria até, algo desiludido com o concerto, a banda vai sumindo do palco aos poucos, com Erykah a ser tão sincera que chega a confessar que é melhor que alguém lhe tape a boca, porque não lhe apetece parar de cantar. "It's better to burn out than to fade away", já dizia Neil Young. Erykah, "didn't cha know?"
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Fotografia: Ângelo Mendes
Texto: João Marques
Agradecimentos: Everything is New
Festival: Cascais Music Festival
Cantora: Erykah Badu
Local: Hipódromo Manuel Possolo, Cascais
Data: 19 de julho de 2012
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