[REPORTAGEM]: The Straits | Aula Magna | 22 de Março de 2012



À hora marcada, Jon Allen, um desconhecido para a maioria, deu início a uma noite que será certamente para recordar pelos melhores motivos.
Com um início lento, o intérprete inglês munido apenas de uma guitarra acústica e de uma harmónica foi, aos poucos, conquistando o público. É certo que a tarefa de abrir um concerto para a banda de tributo a um dos mais famosos colectivos da história da música não é de todo fácil, mas com um jeito simples (“I would like to sing you some of my songs”) e sem grandes recursos a pirotecnias ou efeitos visuais, Jon Allen esteve à altura do desafio.

Isto significa também que a expectativa para ver o legado dos Dire Straits aumentava, e entre o público (com muitos jovens a deslocarem-se à Aula Magna) começava a sentir-se uma certa antecipação.
Em pouco mais de meia dúzia de canções, e com duas composições blues pelo meio, Jon Allen despediu-se dos portugueses agradecendo a oportunidade de tocar naquela sala.

Daí até à chegada dos The Straits foram vinte minutos dolorosos para os fãs mais acérrimos mas com a pontualidade britânica bem apurada, às 22h lá estavam eles em cima do palco sob uma enorme chuva de aplausos.
Uma Aula Magna esgotada recebeu assim a banda de tributo aos Dire Straits, que bem vistas as coisas é uma banda de tributo com direito a um elemento que pertenceu aos ditos. Alan Clark é aqui o mestre de cerimónias, acompanhado por Chris White, Steve Ferrone, Terence Reis, Mick Feat, Jamie Squire e Adam Phillips. Sete excelentes músicos em cima de um palco repleto de equipamento, guitarras, amplificadores, enfim, uma verdadeira réplica de sala de ensaios.

Os The Straits abriram o seu concerto com um longo e místico instrumental, cativando logo os presentes. A voz possante de Terence Reis é incrivelmente semelhante à de Mark Knopfler, o que para começar já é um bom sinal.
Como seria de esperar, o som estava excelente, muito graças à fantástica acústica da sala. A ajudar também, claro está, o virtuosismo da guitarra que aqui parece quase como um oitavo elemento na banda.
Este início calmo e longo conduziu a uma entrada de guitarras ensurdecedora, claramente apreciada por todos aqueles que se deslocaram à Aula Magna para ver rock ‘n’ roll. Os primeiros acordes de “Walk of Life” soam e voltamos ao ano de 1985; a euforia está instalada. Logo de início, os Straits puseram a dançar todos aqueles que insistiram em não se sentar e permaneceram no corredor de separação entre as duas zonas do anfiteatro.
A partir daqui foi um desfilar de clássicos, todos muito aplaudidos. “Telegraph Road” e “Tunnel Of Love” duas composições especialmente longas, foram bastante apreciadas e tocadas com a mestria de quem já faz disto vida há muitos anos.

A nostalgia e o saudosismo estavam para durar quando o “groove” de “Communique” invadiu a sala e foi o momento em que se percebeu que os Straits estão juntos para não deixar cair no esquecimento a memória dos Dire Straits. Há algo de emblemático nesta banda que nesta noite (como em quase todas as da tour, certamente) foi vivido como uma celebração. E mesmo a calhar veio o aniversário de Mick Feat, a quem foram cantados os parabéns a plenos pulmões.
Mas o presente havia de chegar para o público: uma canção original dos Straits. Não tão aplaudida, é certo, mas deixando ver um futuro risonho para o grupo.

Como não podia deixar de ser, o grande momento a noite chegou com “Sultans of Swing”, para terminar. Em pouco mais de dez minutos, os Straits conseguiram arrebatar quem por esta altura ainda não se tinha rendido à sua elegância e puseram a Aula Magna inteira de pé para cantar e dançar o seu hino.
Um final enorme e apoteótico, num crescendo com as guitarras e o saxofone, tornaram esta canção em algo muito especial, digno de se apreciar com todos os sentidos.

Para o encore ficou guardada a mítica “Money For Nothing”, e aqui já ninguém se sentava, muitos revivendo os seus tempos de adolescente.
“Portobello Belle” fechou uma noite de celebração; de grandes músicos, de grandes canções, de memórias e principalmente de uma das bandas mais importantes da história da música.


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Fotografia: Ivo Mendes (gentilmente cedida pela organização)
Texto: Inês Mendes
Agradecimentos: Everything is New
Banda: The Straits
Local: Aula Magna, Lisboa
Data: 22 de Março de 2012

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