O mútuo conhecimento entre Sérgio Godinho e o público que o segue foi-se descobrindo de há quarenta anos para cá. O «Mútuo Conhecimento» que motivou o reencontro entre o cantautor e os seus fãs provam por A mais B que não se perdeu essa ligação. O Coliseu do Porto preencheu-se, mas não esgotou, para ouvir os temas do novo álbum e para revisitar quatro décadas de música.
Como seria de esperar, Sérgio Godinho começou por tocar temas do novo trabalho como: “Mão na Música”, “Bomba-Relógio”, “Acesso bloqueado”, o tema homónimo “Mútuo Consentimento” ou “Eu Vou a Jogo”. A primeira salva de palmas mais efusiva veio quando regressou ao passado e tocou “Etelvina”.
À excepção dos novos temas todo o concerto é um desfilar de grandes clássicos. Na verdade todos esses temas, mesmo os mais antigos, acabam por ser novos. O guitarrista Nuno Rafael, cabeça dos Assessores, banda que acompanha Sérgio Godinho, é um dos grandes responsáveis por isso acontecer. Os arranjos feitos pelo director musical e co-produtor do novo álbum conferem uma estética mais actual a músicas que em alguns dos casos foram escritas há mais de trinta anos.
Mas Sérgio Godinho é quem faz por não ficar parado no tempo e procura sempre gente mais nova e de outros géneros musicais para que a sua música seja renovada ao longo dos anos. Exemplo disso é a participação, na segunda parte do concerto, da banda Roda de Choro de Lisboa, que também é convidada do novo álbum em conjunto com Bernardo Sassetti, Francisca Cortesão, Hélder Gonçalves (Clã) e David Santos (noiserv).
“Só neste país é que se diz neste país”, disse e cantou Sérgio Godinho. Face ao naipe de músicos referidos acima e ao crescente número de projectos nacionais de qualidade que têm aparecido em vários géneros musicais, atrevo-me a acrescentar que só neste país é que se recusa a ver o que há neste país.
Sérgio Godinho não podia deixar de fora do alinhamento “Balada da Rita”, “Coro das Velhas”, “O Primeiro Dia”, “Lisboa Que Amanhece”, “Elixir Da Eterna Juventude” ou “O Homem Dos Sete Instrumentos”. Já no segundo encore despede-se e deixa o público “Com um brilhozinho” nos olhos.
Alinhamento:
Mão na Música
Bomba-relógio
Acesso Bloqueado
Já Joguei ao Boxe
A vida é feita de Pequenos Nadas + Arranja-me um Emprego
Em Dias Consecutivos
Mútuo Consentimento + Eu Vou ao Jogo
Liberdade
Etelvina
Só Neste País
Pode Alguém Ser Quem Não É
Às Vezes o Amor
Não Respire + Vai lá
Intermitentemente
Não te Deixes Assim Vestir
Cuidado Com as Imitações
Quatro Quadras Soltas
Parto Sem Dor + Balada da Rita
Dancemos no Mundo
Coro das Velhas
O Primeiro Dia
~ENCORE I~
Lisboa Que Amanhece
Elixir da Eterna Juventude
O Homem dos Sete Instrumentos
~ENCORE II~
Com um Brilhozinho
Fotografia: José Ferreira
Texto: André Vieira
Agradecimentos: Vachier
Músico: Sérgio Godinho
Local: Coliseu, Porto
Data: 16 Novembro de 2011
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