[ENTREVISTA]: NIGGA POISON



Os Nigga Poison, formados em 1994, regressam este ano com um novo álbum «Simplicidadi».
A Tribo da Luz quis saber um pouco mais sobre este novo trabalho, bem como, desvendar um pouco daquilo que vai ser o concerto de apresentação, dia 25 de Novembro no MusicBox (às 00h00).



Tribo da Luz - O vosso novo álbum chama-se «Simplicidadi», mas não acham que até agora este é o vosso trabalho mais complexo e completo?
Karlon: Não, não achamos complexo. É um álbum audível dentro da nossa linha. Flui porque é natural.
Beat Laden: Só é complexo no sentido em que mistura muitos estilos. É feito de muitos pequenos detalhes que no final resultam em grande.


Tribo da Luz - A diversidade é um dos factores que mais se destaca no vosso novo álbum, já iam com essa ideia quando entraram em estúdio?
Karlon: Foi fluindo, não fomos com essa ideia. Temos amigos, fomos-nos cruzando, e sempre que sentimos química fazemos fusões com eles.
Praga: Entrámos lá de mente aberta, abertos a novas experiências. Acabávamos por exemplo de gravar um tema de hip-hop, depois o Beat Laden (Batida) surgia com um instrumental à maneira dele, e é assim que nós trabalhamos. Até já estou a pensar fazer samba, para a próxima samba-electro. Nigga Poison não tem limites na cena da música.


Tribo da Luz - E porque esta paragem de cinco anos?
Praga: Problemas com a editora, as editoras foderam-nos. A cena não correu muito bem com a Iplay, a cena da transição.
Beat Laden: A cena é que houve um contrato que prendeu a banda durante 3 ou 4 anos, e como a editora não queria lançar e tinham contrato de exclusividade, não se podia fazer nada.


Tribo da Luz - E foi então que surgiu a Optimus Discos?
Beat Laden: Isto surgiu porque como o meu estúdio é ao lado da Antena 3 e temos ali uma relação porreira com o Henrique Amaro, ele pergunta-me sempre se há cenas novas aí a sair e sabia desta situação. Como ele gosta do trabalho dos Nigga Poison, e sabia do que se estava a passar (da editora) quis ajudar a desbloquear, porque no fundo a carreira dos Nigga Poison estava a ser prejudicada por isto, e ele próprio achava que era injusto, então fazia todo o sentido. Foi a solução perfeita.


Tribo da Luz - Vocês fazem sempre questão de passar uma mensagem positiva, de encorajamento?
Karlon: Essa é uma das grandes prioridades da vida, educativa.


Tribo da Luz - Ainda há esperança?
Karlon: No meio de mil, se mudar um, já não é mau. Tentar que os jovens tomem mais cuidado com a auto-estima, hoje vive-se com muita pressa.
Praga: Nós tentamos fazer o contrário do que nos fizeram a nós, porque nós no passado não tivemos um modelo para seguir. Eu quero ser um modelo para a nova geração.
A nossa cena é mesmo essa: tentar encaminhar os jovens, de vez em quando ter a nossa parte interventiva. Não podemos fugir a isso, é a realidade do mundo que nos rodeia.
Se a cena está má, é mau, se estiver boa, melhor, e é por isso que digo que nós não temos limites na música.
Karlon: Festa é festa, consciência é consciência. O que nós queremos sempre deixar é mesmo uma mensagem positiva, porque há o preconceito no hip-hop que é tudo mau, que só se fala de drogas e de ser gangsta, mas isso não é verdade.


Tribo da Luz - E qual é que acham que é o estado do hip-hop em Portugal?
Praga: Já viu melhores dias. A cena agora está quase parada. Há muito que não se vê pessoal novo a aparecer, a dar nas vistas, são sempre os mesmos dois ou três, deve andar tudo escondido em casa.
Karlon: Desde que o Boss AC lançou o álbum aqui há uns anos, que parece que todos os produtores andam atrás do mesmo, é comercial que vende.


Tribo da Luz - Depois de tantas participações, mixtapes, EPs., como vêem o futuro de Nigga Posion? O que é que ainda vos falta fazer?
Karlon: Tudo! Nós queremos é desafios, fazer coisas novas. A mente e o ser humano vão evoluindo, tal como a nossa visão na música. Eu ainda hei-de fazer uma cena rock.
Beat Laden: Simplicidadi tem influências diferentes em cada faixa. Cada músico com quem trabalhamos trouxe a sua roupagem aos Nigga Poison. Há muita gente a dizer que o álbum é kuduro, mas quem o diz é porque não conhece kuduro. Se disserem que tem soca, um bocado de semba, aí sim estariam a falar bem. Não podemos parar por aqui, e este álbum é um bom exemplo disso.


Tribo da Luz - E sobre o vosso concerto de Sexta-Feira, podem desvendar um pouco como vai ser?
Praga: O nosso concerto é uma festa, e nós temos fome.
Karlon: O que podemos garantir é que quem for, não se vai arrepender, e esperamos ver muita gente por lá.


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Fotografia e Texto: Cátia La-Sallete
Banda: Nigga Poison
Próximo concerto:
25 Novembro 2011 | MusicBox | 00h00 | 10€ com oferta de CD

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