[REPORTAGEM]: Nneka | TMN ao Vivo | 20 Outubro 2011



Com o terceiro álbum acabado de chegar às lojas, Nneka apresentou-se em Lisboa para uma noite mais de soul e hip-hop do que de reggae. O TMN ao Vivo recebeu a presença na cantora numa noite de quinta-feira que não conseguiu fazer sair muita gente de casa. Apesar do público bastante diverso, Nneka ainda não conseguiu cimentar uma base de seguidores por terras lusitanas.

Vinte minutos depois do prometido, os músicos que acompanham a cantora subiram ao palco, seguidos pela anfitriã que à primeira vista parece ainda uma jovem tímida nos seus primeiros concertos. Nada mais errado; Nneka mostra-se logo nos primeiros temas dona de uma voz e de uma presença muito características, capaz de acabar com qualquer dúvida de quem pense que em CD é melhor. A cantora nigeriana apresentou-se de forma simples, sem recurso a qualquer cenário no palco e com um jogo de luzes minimalista, a condizer com a sua pequena banda de quatro elementos, cada um de sua nacionalidade e com seu talento, com especial destaque para a secção rítmica que apesar de não ter sido fabulosa, foi extremamente competente e conferiu a dinâmica certa à interpretação da cantora. Alguns coros gravados durante as primeiras canções exigem uma passagem para registo ao vivo com uma certa urgência.

Desde cedo a cantora elogiou o facto de se encontrar numa sala pequena, o que tornou tudo mais intimista e que resultou para Nneka como "uma sessão de terapia" onde podia contar-nos as suas angústias e partilhar as suas ideias através das suas composições. Composições essas que giram sempre à volta do "amor nas suas diferentes formas", como não deixou de referir.
"Africans" e "Come With Me" (retirados dos seus primeiros dois álbuns, Victim of Truth e No Longer At Ease, respectivamente) são os primeiros temas a arrancar os aplausos mais efusivos do público. Desta feita e já munida de uma guitarra, Nneka interpreta uma cover de Ray Charles: "Hit The Road Jack", como não podia deixar de ser.

Num desfilar de canções coesas e bem estruturadas, a cantora conseguiu mostrar que deve haver pouco que não consiga fazer com a voz. Dona de um timbre muito particular, com variações deliciosas ao longo das canções, Nneka concebe um concerto de partilha e de "boa onda" sem nunca cair em qualquer facilitismo. Sincera nas palavras, falou sobre a sua terra natal, sobre a corrupção, a hipocrisia e o mundo em que vivemos. "VIP - Vagabond In Power" é um dos temas fortes e dos mais pessoais apresentados e cria um laço entre a cantora e o público, que a pedido desta se arrisca a cantar o refrão em conjunto.
Já perto do fim, há ainda tempo para mais duas covers que fazem introdução a uma composição sua: "Seven Nation Army" e "Sweet Dreams", agradavelmente interpretados. O momento por que todos aguardavam chegou logo de seguida com "Heartbeat", cantado em comunhão com os presentes. O encore teve direito a mais uma canção que terminou numa apoteose de aplausos e muitas caras sorridentes.

Nneka trouxe à capital um concerto que começou com composições mais lentas, num registo mais minimal e que se foi tornando progressivamente em algo mais pesado, mais forte, com muitas palavras de ordem e um forte conteúdo intervencionista, por vezes apenas legível nas entrelinhas. Difícil sair da sala indiferente.



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Fotografia: Joana Sousa
Texto: Inês Mendes
Agradecimentos: UGURU
Cantora: Nneka
Local: TMN ao Vivo, Lisboa
Data: 20 de Outubro de 2011

1 comentários:

Anónimo disse...

Gosto imenso das fotos! Parabéns à fotografa! :D

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