[REPORTAGEM]: Marés Vivas (1º Dia) | Cabedelo | 14 Julho 2011



Baterias apontadas para o primeiro dia do Festival Marés Vivas nas margens do Douro: nesta 9ª Edição o cenário não desilude e ao entrar no recinto quase nos esquecemos que o calendário, às vezes, consegue ser muito traiçoeiro e teima em não nos deixar pairar em dois festivais de verão ao mesmo tempo. Sim, quem por aqui anda não se importou de deixar as guitarras eléctricas do Super Bock Super Rock para trás das costas e entregou-se sem pensar duas vezes às boas ondas do reggae e afins. A descontracção é contagiante e pode até surpreender os novatos nestas andanças. Sol, praia, um vento que puxa a maresia mas que não assusta ninguém e muita música à mistura. Que mais podemos pedir? A organização atirou um número redondo ao ar: 25 mil pessoas e a confirmação do espaço lotado. Ainda agora começou e já esgotou, dizem alguns. Ainda bem, dizemos nós.

O festival teve honras de abertura com os Pitt Broken, bracarenses orgulhosos de tal façanha. Não podemos dizer que o Palco Moche estivesse a abarrotar de gente (os festivaleiros estariam ainda a tirar as medidas ao recinto e a habituar-se às tendas que por ali se espalhavam) mas os Pitt Broken foram corajosos e até se aventuraram numa versão mais alternativa de Bad Romance – a Lady Gaga provavelmente nem deu conta e a juventude gosta é de cantar de braços no ar, pois claro. Paz e amor para toda a gente, muitos aplausos e vamos lá continuar.

Mais pessoas a chegar, boa disposição absolutamente instalada e é a vez dos Anaquim subirem ao palco. Ter só um álbum é apenas um pormenor e não faz mal nenhum: há tempo para se estenderem pelo repertório completo. Faz de conta que a fome ainda não se tinha instalado nos estômagos mais vorazes. Agora era tempo de dançar, saltar e rir o mais que se pode. As vidas dos outros nunca nos soam mal e - a julgar por tanta animação - a nossa também esteve bem entregue às mãos dos Anaquim. Parece simples, não é?

21.45h. Atitude positiva para dar e vender. São os Natiruts, são brasileiros e têm uma carreira com mais de quinze anos. A música transpira paz e apetece distribuir sorrisos e abraços à força toda. Calma, nada de violência, podemos cantar também. E enquanto estamos nisto, os ânimos sossegam. Os mais velhos esquecem por momentos os Xutos & Pontapés e os adolescentes distraem-se em passos de dança. Palavras de incentivo à esperança e liberdade não faltam. Nós agradecemos e até fingimos que por aqui não há crise. Não se passa nada. Portugal está bem e recomenda-se quando o assunto é alegria e traz música por arrasto. E se tristezas não pagam dívidas, toca a meter liberdade para dentro da cabeça. É assim que se faz, estão a ver? Toca a levantar os braços e embalar o corpo tranquilamente. A vida é mesmo em frente, o festival é muito bom e a cidade é fantástica, Pois é, pois é.

Não adianta negar. Os velhinhos Xutos & Pontapés – tão portugueses! – arrastam multidões. E começam logo a abrir. Ainda não nos apercebemos muito bem do que é que se passa à volta e já gritos se ouvem a rodos e saltos por tudo quanto é lado. É um fenómeno transversal a todas as gerações: pais, filhos e avós que o digam. As letras estão na ponta da língua e o alinhamento do concerto parece uma prenda que se dá nos anos: não surpreende ninguém e ao mesmo tempo é tudo de bom. Porque cantamos, pulamos e gritamos e faz tudo parte de uma história em comum. E nem uma actuação mais calada e um Zé Pedro visivelmente mais emocionado que resistente nos fazem desistir deles. Por mais concertos que se vejam, por mais cerveja que se beba ao som daquelas músicas, com a memória não se brinca e ela faz questão de nos devolver Tim e companhia iguais a si mesmos. Tão desarmantes e avassaladores como da primeira vez. E talvez por isso tão especiais. Xutos são sempre Xutos, é o que mais se ouve cá em baixo. É verdade.

Com uma boa meia hora de atraso – quase a deixar o público impaciente – Manu Chao chega para abafar o cansaço e encher o Cabedelo de energia. E se ainda há quem não o conheça – atrevemo-nos a dizer que depois desta actuação pujante – o poliglota vai entrar directamente no coração dos portugueses sem passar pelo escrutínio do cérebro. Porque a lotação esgotada era toda para ele e porque se é para descansar mais valia ter ficado em casa. Manu Chao chegou, viu e conquistou. O pó tomou conta do recinto – pasmem-se todos! – tal foi a parafernália de movimentos e danças que tomaram conta de nós. Verdade seja dita, a marijuana também deu o ar de graça e invadiu o ar. Welcome to Tijuana e tivemos lugar de ida rumo à loucura total. Voltar já não sabemos bem se foi possível. Os mais cépticos ainda diziam que o som estava demasiado agressivo – desculpem?! – mas foi completamente impossível ficarmos quietos perante um mar de gente electrificada. Manu Chao entrou pouco falador, a única missão era animar e agarrar o público – oh, se era! – e depois foi vê-lo soltar a língua e cumprimentar tudo e todos em incentivos entusiastas à folia. Foi um desfile inacreditável de grandes êxitos, voltamos todos uns anos atrás – ai a nostalgia da adolescência e a alegria da irresponsabilidade! - e já pouco importava de as pernas doíam ou os braços estavam cansados de tanto acenar. Os jovens ficaram rendidos, os mais velhos viajaram no tempo e explodiram em agitações de pernas e braços e saltos maiores do que a fraqueza àquelas horas permitia. Sim, eram 4h da manhã e ainda por ali andávamos de um lado para o outro. Ninguém se queixou e muito menos parou – Manu Chao rebentou com tudo e nós adorámos. Afinal de contas, é desta fibra que se fazem os festivais. Amanhã há mais, haja alegria.


PALCO SUPER BOCK
Manu Chao La Ventura
Xutos e Pontapés
Natiruts

PALCO MOCHE
Anaquim
Pitt Broken
João Dinis
Nuno Carneiro

REPORTAGEM SUPER BOCK SUPER ROCK 2011:
1º Dia (14 Julho 2011)
2º Dia (15 Julho 2011)
3º Dia (16 Julho 2011)

PALCO TMN



PALCO MOCHE



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Fotos: Carina Guilherme
Texto - em breve: Vanessa Silva
Agradecimentos: PEV Entertainment
Local: Cabedelo, Vila Nova de Gaia
Data: 14 Julho 2011 (1º dia do festival)

3 comentários:

Anónimo disse...

como posso obter alguma foto que aqui se encontre?

Tribo da Luz disse...

Caro Anónimo, envie um e-mail para info.tribodaluz@gmail.com para obter qualquer informação.
No entanto, não poderemos ceder fotografias das actuações.
Obrigada.

Anónimo disse...

Também ouvi dizer que o concerto de Manu Chao foi muito pesado.

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