[REPORTAGEM]: Luísa Sobral | Cinema São Jorge | 19 de Maio 2011



O arranque da digressão nacional de Luísa Sobral teve início na passada quinta-feira, dia 19 de Maio. Mas na verdade, o espectáculo a que pudemos assistir foi muito mais do que aquilo a que se propunha. Foi, sem dúvida, uma noite muito especial para todos os que se reuniram no Cinema São Jorge.

O consenso é geral: a música nacional tem vindo a ganhar um novo fôlego com o surgimento de novos projectos e artistas que elevaram e alargaram o que por cá se fazia. Se queremos provas disso, olhemos, por exemplo, para Luísa Sobral. Esta jovem cantora/música/compositora de 23 anos é, sem espaço para objecções, um contributo de grande qualidade para o panorama musical nacional da actualidade. Para quem não a conhece, ou não está bem a ver de onde lhe reconhece aquele ar doce, Luísa é uma ex-concorrente do programa Ídolos, onde garantiu, com as suas prestações, que a sua carreira musical não teria ali, num programa televisivo, o seu auge. É por isso que, sem grande surpresa, ela surge agora com o seu primeiro trabalho intitulado The Cherry On My Cake, inteiramente composto por si, à excepção da versão do clássico de Rui Veloso, Saiu para a Rua. Os temas que constituem este projecto têm origem no jazz que lhe passava pelos ouvidos enquanto crescia e a influência que os pais de Luísa tiveram no seu gosto pessoal e criação musical é algo que a artista parece gostar de salientar. Mas o seu jazz não é só influências, ela é dona de todas as suas composições que têm tanto de inocência como de profundidade de espírito.

Mas voltando ao espectáculo em si, a sala não tinha um único lugar vazio. Claro que, sendo o concerto de estreia de Luísa, entre a plateia encontravam-se muitos familiares e amigos da artista, nomeadamente os pais chorosos de orgulho na primeira fila (“para a próxima não ponho os meus pais na fila da frente. Isto é dramático”). No entanto, quão grande pode ser uma família? Com certeza, não grande o suficiente para encher o antigo cinema e, por isso, estamos convencidos que os espectáculos nas Fnac’s fidelizaram uma boa quantidade de fãs. Isso e, com certeza, o single de estreia, Not There Yet, cujo vídeo é extremamente popular.

O concerto teve início com I Would Love To e para o tema seguinte, Déja Vu, deu entrada em palco um quarteto de cordas, violinos e guitarras, convidados especiais dessa noite que deram uma outra roupagem a algumas das canções interpretadas. E foi sempre com canções de The Cherry On My Cake que o ambiente na sala foi adquirindo um tom cada vez mais íntimo, fruto do à vontade que a tímida mas divertida Luísa ia ganhando, principalmente quando pegava numa das suas guitarras, “gosto de trocar de guitarra para dar aquela de que toco tudo”. As ovações no final de cada canção iam tornando-se cada vez mais barulhentas e demoradas, principalmente para louvar O Engraxador, para o qual entrou em palco também um conjunto de músicos de sopro. A produção musical dessa noite foi, portanto, grandiosa mas a produção visual é claramente algo que também teve o cuidado da artista. Luísa tinha preparado uma série de pequenas caixas com cenários em miniatura que, ao longo do concerto, eram projectados na tela ao fundo do palco. Um pormenor muito original que deu ao público mais uma prova da criatividade de Luísa e uma pequena ideia de como ela própria interpreta as suas criações musicais.

Houve ainda tempo para um tema novo, Japanese Rose, que não faz parte do álbum de estreia e que surgiu da reacção de Luísa às imagens de destruição do tsunami no Japão. Este momento foi um dos mais emotivos do espectáculo, contrastando com o mais divertido, onde também é interpretada uma canção que não pertence ao reportório original da artista. Esse tema foi Toxic, original de Britney Spears, musicado apenas pelo contrabaixo mas com direito a ventoinha para fazer esvoaçar os cabelos da cantora, muito ao estilo da estrela pop, o que provocou altas gargalhadas e grandes aplausos, “para a próxima já sei, faço um concerto só com músicas da Britney”.

O concerto termina com dois encores, o último aparentemente não previsto, mas apropriado, tal era o barulho na sala depois da segunda despedida de Luísa. Ela regressa para interpretar novamente o single Not There Yet, já depois de ter passado na tela um pequeno trecho filmado da artista empunhando um cartaz com a palavra Obrigada. Nessa noite, o espectáculo proporcionado por Luísa Sobral e a sua banda foi sublime, onde a música foi claramente a protagonista mas acompanhada por pormenores visuais e pela simpatia de Luísa que completaram o quadro. O desejo que a cantora confessou no início do concerto, “espero que esta noite seja tão especial para vocês como eu sei que vai ser para mim”, foi concedido e foi a própria Luísa a cereja no topo do bolo servido nessa noite.

Alinhamento:
I Would Love To
Déja Vu
Clementine
Not There Yet
You Won’t Take Long
Mr. & Mrs. Brown
After All
O Engraxador
Japonese Rose
Saiu À Rua
Toxic
Don’t Let Me Down
Xico
~ENCORE I~
Why Should I?
Oversize
~ENCORE Ii~
Not There Yet



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Fotos: Rodrigo Vargas
Texto: Filipa Leite Rosa
Agradecimentos: Universal Music Portugal
Cantora: Luísa Sobral
Local: Cinema São Jorge, Lisboa
Data: 19 Maio de 2011
Site Oficial da Cantora: www.luisasobral.com

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