[REPORTAGEM]: Marés Vivas (4º Dia) | Cabedelo | 21 de Julho de 2012



A edição comemorativa do décimo aniversário do Festival Marés Vivas TMN chegou ao fim e para pôr um ponto final na folia de quatro dias, teve lugar o dia com os nomes mais díspares entre si. Nem por isso o povo deixou acorrer ao festival.


A ex-Mesa, Mónica Ferraz teve a honra de abrir o palco principal neste último dia e foi, por ventura, a artista digna da façanha que mais gente conseguiu reunir. Com o álbum «Start Stop» debaixo do braço, a cantora portuense serviu-se da sua potente voz para, ao longo de 50 minutos, cativar o público que se ia espalhando junto ao palco.
A mistura de soul com alguns momentos R&B, um bocadinho de pop à mistura e ainda uma incursão em “Le Freak” dos Chic mostrou-se eficaz.
“Golden Days” e “Go, Go, Go” foram, obviamente, as mais apreciadas, ambas singles de apresentação do seu álbum a solo.


Quem já assistiu a um concerto de Hives sabe o que esperar. A maior parte dos espetadores que se apresentaram ontem no Marés Vivas TMN, não sabia. À semelhança de todos os outros concertos que já deram no nosso país, este será mais um que ficará por muito tempo na lembrança de quem lá esteve.
Os The Hives são sem qualquer dúvida uma das melhores bandas ao vivo no panorama do garage rock, e provaram-no ontem em Vila Nova de Gaia para cerca de 20 mil pessoas.
Howlin' Pelle Almqvist e companheiros apresentaram-se como de costume de fraque e cartola, tudo a preto e branco. Marionetas no seu próprio espetáculo, a primeira de muitas “provocações” vindas da boca do vocalista teve lugar logo no início do concerto: “Nós vamos tocar muito rock ‘n’ roll e vocês vão gostar, não vão?”.
“Walk Idiot Walk” foi recebida em êxtase e já ninguém conseguiu ficar indiferente aos suecos com atitude que insistiam em não parar quietos e em debitar riffs dançantes e contagiantes uns atrás dos outros. “Batam palmas”, “Gritem”, entre outras, eram as ordens dadas num quase perfeito português, por Almqvist.
Perto do fim “Tik Tik Boom” e “Hate To Say I Told You So” encantaram. Principalmente quando nesta última um fã foi chamado ao palco para tocar baixo com a banda. Tal como o guitarrista Nicholaus Arson disse, “Miguel did well”.
Um alinhamento perfeito, num jogo entre as músicas mais conhecidas e as composições do novo álbum valeram aos The Hives o melhor concerto da noite, quiçá, de todo o festival.
No final, demoraram-se em palco para agradecer e correram para junto das primeiras filas para alguns autógrafos. É assim que o Rock ‘n’ Roll deve ser.


Pouco faltava para a meia noite quando Anastacia entrou em palco. Depois da febre que os The Hives causaram, os ânimos acalmaram e “Why’d You Lie To Me” e “Sick And Tired”, iniciaram o concerto da norte americana.
Meio morno ao início, o momento mais interessante (ainda que q.b) só chegou sensivelmente a meio com um pequeno momento de beatbox por parte dos seus músicos para introduzir “Not That Kind”.
Uma Anastacia algo desinteressante e constantemente a falar de forma “abebezada” não convenceu ninguém senão as primeiras filas, sedentas de hits radiofónicos que a cantora foi lançando ao longo dos anos.
Longe do fervor que outrora conseguiu com a sua passagem pelo Rock In Rio Lisboa, em 2006, Anastacia socorreu-se de “Empire State Of Mind” de Alicia Keys, alterando-lhe a letra de New York para Porto.
Os dotes vocais são inegáveis, e músicas como “Paid My Dues”, “One Day In Your Life e “Left Outside Alone” foram interpretadas na perfeição. Mas ficou-se pela boa interpretação. Um espetáculo pouco caloroso e sem grande chama. Para terminar, “I’m Outta Love” lá arrancou alguns passinhos de dança dos mais tímidos.


O último concerto da décima edição do Festival Marés Vivas TMN ficou a cargo de um homem do norte. Muito acarinhado pelo público tanto do Porto como de Gaia, o espetáculo do músico português era esperado com muita antecipação.
No entanto a noite já ia avançada e o cansaço começava a tomar conta dos festivaleiros que ao longo de quatro dia se apresentaram no Cabedelo.
“Eu Sou O Poder” e “Entre a Espada e a Parede” fizeram honras de abertura do concerto de Pedro Abrunhosa e os Comité Caviar. “Não Posso Mais”, foi a que se seguiu e foi a primeira incursão às velhinhas canções do compositor português, agora com uma nova roupagem. Foi também mote para os comentários que já se esperavam; Abrunhosa afirma que nunca pensou, volvidos 18 anos, continuar a dizer as palavras “não posso mais”, claramente numa crítica ao estado atual do país. De resto todo o concerto foi pautado por estas intervenções; em “Pontes Entre Nós”, o cantor declarou que “a Luz há de chegar à cidade do Porto”.
A versão funk de “É Preciso Ter Calma” foi pautada por frases soltas de canções bem conhecidas de James Brown, assim como “Talvez Foder” que também recebeu apontamentos de “Give It Away” dos Red Hot Chili Peppers. Mais uma oportunidade para Pedro Abrunhosa falar sobre o país, a corrupção, a mediocridade, etc.
Batiam as quatro horas da madrugada quando o concerto terminou, embora muitos tivessem abandonado o recinto antes disso, certamente vencidos pelo cansaço.
“Tudo O Que Eu Te Dou”, terminava, inevitavelmente, a atuação de Pedro Abrunhosa e os Comité Caviar.

Para o ano há mais.

REPORTAGEM MARÉS VIVAS 2012:
1º Dia (18 Julho 2012)
2º Dia (19 Julho 2012)
3º Dia (20 Julho 2012)
4º Dia (21 Julho 2012)

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Texto: Inês Mendes
Fotos: Helena Costa
Agradecimentos: PEV Entertainment
Local: Cabedelo, Vila Nova de Gaia
Data: 21 Julho 2012 (4º dia do festival)

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