[REPORTAGEM]: Rock in Rio Lisboa (Dia 5) | Parque Bela Vista | 3 de Junho 2012



Estavamos no último dia desta quinta edição do Rock in Rio Lisboa, e as notícias que nos deram logo cedo foram as melhores. O festival contará, pelo menos, com mais duas edições, em 2014 e 2016, mas antes disso, passará por Madrid (30 de junho, 5, 6 e 7 de julho), Rio de Janeiro (13, 14, 15, 19, 20 e 21 de setembro), pela primeira vez em Buenos Aires (27, 28 e 29 de setembro e 4, 5 e 6 de outubro), e então em 2014 regressará a Lisboa.

Roberto Medina agradeceu a todos que participaram nesta edição, mostrando que, mesmo em crise, Portugal conseguiu por de lado os problemas e divertir-se na Cidade do Rock, ao som de grandes nomes da música nacional e internacional.

Crise é coisa que parece não haver no Rock in Rio Lisboa. As pessoas andam felizes, correm de um lado para o outro à caça de brindes, à caça de diversão, à caça de boa música. E neste dia, mais que nos outros, o Palco Sunset abriu as hostes para uma plateia bastante bem recheada. Pedro Luís, que conta com um novo álbum «Tempo de Menino» fez dupla com a acarinhada fadista portuguesa, Carminho, mostrando uma excelente combinação vocal entre os dois.

Ainda no Sunset, o público não parava de chegar, desta feita para ver e ouvir um dos maiores músicos portugueses – pelo menos, um dos mais acarinhados – David Fonseca. O “casamento” foi feito com a brasileira Mallu Magalhães, que se tornou fenómeno no Brasil através do Youtube.

Ainda por este palco passou o rock da dupla Rui Veloso e Erasmo Carlos, bem como os argentinos Tan Bionica.

Do Palco Mundo já se ouviam os primeiros acordes, dos britânicos Kaiser Chiefs. Quem os segue, ou já assistiu a um concerto desta banda, sabe que o vocalista Ricky Wilson dá sempre show e que nos consegue sempre surpreender com a sua energia contagiante. No entanto, senti que o público não reagiu à altura da banda. Começaram o concerto com “Never Miss a Beat”, passando ainda pela mais recente “On the Run”, dando lugar à mais conhecida “I Predict a Riot”. Íamos a meio do alinhamento, mas ainda houve tempo para o êxito “Ruby”, que logo depois deu lugar ao momento alto da noite. Em “Take My Temperature” , o energético Ricky, saltou do palco, e fintou até os seguranças, que correram atrás dele – não fosse o público aproveitar o facto do vocalista estar fora do gradeamento e atirar-se para cima dele. Dirigiu-se ao slide, e dali gritou “Lisbon, we are Kaiser Chiefs”, levando o público, agora sim, à euforia.

Não houve um único momento em que a banda mostrasse sinais de cansaço ou de falta de energia. Sempre muito interativos, tanto com o público como com as câmaras, acabaram o espetáculo ao som de “Oh My God”, onde Ricky, mais uma vez, saltou do palco e correu até à régie de som, parando ainda para colocar um cachecol de Portugal ao pescoço.

Foi sem sombra de dúvida um dos concertos mais energéticos desta quinta edição do Rock in Rio Lisboa. E faço sobressair, de novo, o facto de o público não ter estado à atura da banda. No entanto, quem gostou do que viu, poderá voltar a ver a banda britânica, no Festival Marés Vivas, já no próximo mês de julho.

Seguiram-se os James, já tão conhecidos do público português, que o ano passado tiveram oportunidade de os ver nas Festas do Mar em Cascais. Também eles da terra de Sua Majestade, trazem no bolso uma carreira de 30 anos.

Tim Booth, vocalista, continua na mesma: o mesmo aspeto, a mesma forma de cantar, e a mesma forma exuberante de dançar. Por vezes tinha ataques de “loucura”, como do nada calmava-se e colocava aquele ar angelical que o caracteriza.

O público estava convencido com o espetáculo, que contou com um alinhamento muito inteligente, que passou por temas bastante conhecidos de todos: “Laid”, “She’s a Star” ou “Getting Away With It (All Messed Up)”.

Ainda antes do tema “Stutter”, Tim partilhou connosco que, quando tinha 17 anos, assistiu a um concerto de Bruce Springsteen, que o deixou de sorriso de orelha a orelha. Muitos dos presentes estavam ali para ver Bruce, o Boss, e qualquer manifestação relativo ao cantor, gerava logo a euforia dos presentes, que gritaram assim que Tim evocou o nome de Bruce Sprinsgteen.

Ainda houve tempo de recados ao “Coelhinho”, como “amavelmente” o violinista Saul Davies o chamou. Este que disse “Eu sou inglês, mas a minha lindíssima mulher é portuguesa. Então tenho ideias sobre este país. Duas perguntas: porque nós temos aqui em Portugal os velhotes que não têm dinheiro suficiente para pagar a conta da Luz? Número dois: porque há escolas que fecham porque o governo não tem dinheiro para pagar aos professores? Nosso Coelhinho tem os sonhos da população portuguesa nas mãos dele. Tem cuidado. Boa sorte!”, gerando logo aplausos e gritos de força ao nosso país – “Portugal, Portugal”, gritou o público.

Para o fim ficaram três grandes temas, “Tomorrow”, “Sometimes” e “Sit Down”, despedindo-se em grande, de um povo que já está habituado a vê-los por terras portuguesas.

Seguiram-se os portugueses Xutos & Pontapés, que já fazem parte da mobília deste festival. Certo é que, têm bastantes anos de carreira e levam consigo uma imensidão de fãs, mas para muitos, o alinhamento do cartaz pareceu um tanto ou quanto estranho: James a abrir para Xutos & Pontapés? Kaiser Chiefs num dia dedicado ao passado?

A banda de Zé Pedro, Tim, Kalu, Cabeleira e Gui, não trouxe nada de novo. Começaram com “Contentores”, passando ainda por “Não Sou o Único”, “Homem do Leme” e “Circo de Feras”. Um recordar do passado, que acabou ao som de “P’ra Sempre”, que, a meu ver, não é o tema ideal para acabar um concerto de Xutos & Pontapés. No entanto, o resultado é o de sempre: Xutos conseguem por o público ao rubro, mesmo quando já assistiram dezenas de vezes a um concerto da banda rock portuguesa.

Mas a plateia estava mais que ansiosa para ver no palco o Boss, aquele que não vem a Portugal há mais de 19 anos. Para muitos, a primeira vez que o iriam ver, e talvez a única (sabe-se lá). No entanto, boss que é boss, demora a aparecer, e Bruce Springsteen pisou o palco com um atraso de meia hora. Oitenta e uma mil pessoas (diz a organização), começavam a ficar impacientes.

Assim que Bruce pisa o palco, ao som de “We Take Care of Our Own”, apercebemo-nos que, tal como aconteceu há dias atrás com Adam Levine dos Maroon 5, também ele levaria as fãs (sim, principalmente AS fãs), ao delírio. À minha frente uma fã histérica esperneava-se, lançava os braços ao ar, e dançava loucamente, como se aquele fosse o último momento da sua vida.

Acompanhado pela The E Street Band, Springsteen trouxe na bagagem o mais recente álbum «Wrecking Ball», do qual este primeiro tema e o segundo “Wreckinb Ball” se inserem. Estavam lançados os dados para uma noite memorável.

“Boa noite Lisboa. Como estão?”, disse em português. Aliás, houve um esforço por parte de Bruce, por falar na nossa língua, tornando esses momentos bastante hilariantes e até enternecedores. Bastante comunicativo e energético, ninguém diria que o músico conta já com 62 anos de idade. A energia é tão contagiante, que ninguém repara nisso. Confessou ainda ao apresentar o tema “My City of Ruins”, que todas esta música é sobre coisas boas, coisas que ficam para sempre, continuando de seguida com o alinhamento previsto. Ao contrário de maior parte das outras quatro noites, nesta não nos pareceu que houvessem muitas pessoas a abandonar o recinto. Bruce Springsteen fez jus à sua alcunha, e foi o boss da noite, e de toda a quinta edição do Rock in Rio Lisboa.

Entre idas ao público para buscar cartazes, corridas às grandes para cantar junto dos fãs, ainda houve tempo de chamar um pequeno ao palco, para cantar o refrão de “Waiting on Sunny Days”. Um momento que a criança não esquecerá, e uma mostra de como Bruce Springsteen chega aos mais velhos, mas também aos mais pequenos, que foram musicalmente educados pelos pais.

A noite estava a acabar, mas as várias bandeiras dos Estados Unidos da América que balançavam no ar, queriam dizer “queremos ouvir a Born in USA”. E assim a música surgiu, e o público delirou. Seguira-se outros grandes êxitos (é difícil dizer que um tema de Bruce Springsteen não é um hit): “Born to Run”, “Glory Days”, “Seven Nights to Rock”, “Dacing in the Dark” e “Tenth Avenue Freeze-Out” fechavam um alinhamento que contou com mais de vinte temas.

O fogo de artifício já se fazia ver e ouvir, mas Boss não queria sair do palco, e o público mostrou-se interessado em ver e ouvir mais. Despediu-se então, ao som de “Twist and Shout”, cover dos Beatles, cantando com as mais de 80 mil pessoas que estavam à sua frente.

Uma casa praticamente cheia, deu as despedidas a mais uma edição do Rock in Rio Lisboa, que contou com a presença de mais de 353 mil pessoas durante estes cinco dias de concertos. Pelo Palco Mundo passaram várias bandas nacionais e internacionais, mas garantidamente, o concerto com mais destaque foi o de Bruce Springsteen. Não poderia ter havido melhor fecho.

Da nossa parte, fica um “até breve”. Vemo-nos em 2014.




Actuações 3 de Junho de 2012
PALCO MUNDO
Bruce Springsteen and the E street Band
Xutos e Pontapés
James
Kaiser Chiefs

PALCO SUNSET ROCK IN RIO
Tan Bionica
Rui Veloso + Erasmo Carlos
David Fonseca + Mallu Magalhães
Carminho + Pedro Luís


REPORTAGEM ROCK IN RIO LISBOA 2012:
1º Dia (25 Maio 2012)
2º Dia (26 Maio 2012)
3º Dia (1 Junho 2012)
4º Dia (2 Junho 2012)
5º Dia (3 Junho 2012)






PALCO MUNDO


PALCO SUNSET

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Fotos: José Reboca
Texto: Cátia Santos
Agradecimentos: Rock in Rio Lisboa
Festival: Rock in Rio Lisboa
Local: Parque da Bela Vista, Lisboa
Data: 3 de Junho de 2012 (5º dia do festival)

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