Uma chuva torrencial caía em Lisboa na noite da estreia absoluta dos Trivium por terras lusitanas. Nem por isso os metaleiros lisboetas se deixaram intimidar; um Paradise Garage completamente esgotado fervilhava de antecipação para um dos concertos do género mais aguardados deste ano.
A espera não foi muita, já que às 21h em ponto os nortenhos Revolution Within subiram ao palco para abrir as hostes. Um metal muito pautado por incursões trash foi o que a banda do Porto trouxe para animar a plateia. O público gostou e não fosse a próxima banda tão desejada, talvez houvesse mais vontade de os continuar a ouvir.
Quatro enormes “T” adornavam o pequeníssimo palco que serviria de ribalta para os norte-americanos. Ao bater das 22h, “Hollow Be Thy Name” dos Iron Maiden soou por todo o Garage, num solene anúncio de que algo mítico estava prestes a acontecer.
As luzes apagam-se, o público assobia e numa rajada violenta “In Waves” é entoada a plenos pulmões. A condizer com a canção, um enorme mar de braços aplaudia a entrada dos Trivium, incessantemente.
“Like Light to Flies” e “Rain”, fizeram desde cedo perceber que esta setlist não se limitaria às últimas composições, mas que varreria todo o percurso dos Trivium até à data.
A dupla criada por Corey Beaulieu e Matt Heafy foi indestrutível; a “batalha” de gritos e momentos melódicos mostrou-se perfeita. Tão perfeita como todas as canções que iam desfilando, concerto dentro, grandiosas no rigor da sua interpretação, sem qualquer falha e tocadas fielmente, tal como o público as conhece. A verdade é que o público português esperou muitos anos para ouvir, finalmente, estas canções. Embora não seja um êxito de vendas (alguma banda do género ainda o é?) no país, a base de fãs dos Trivium é vasta e ontem em Lisboa revelou-se decidida a mostrar o quanto os queria por cá.
“Lisboa, tudo bem?”, dizia Heafy num português bastante competente. Afinal de contas este é também o último concerto da tourné, uma tourné que dura há 18 meses. E foram precisos 18 meses da última tourné e mais uns valentes anos para que os Trivium viessem a Portugal surpreender-se com o público que tinham à frente. “Já o disse 50 vezes, mas vou dizer mais 50, vocês são inacreditáveis. Completamente loucos. Obrigado”. E era bem verdade.
“Down From the Sky” mostrou os Trivium em toda a sua força. Por esta altura já uma bandeira portuguesa e um soutien adornavam a bateria e o microfone, respetivamente. Ninguém parecia cansado, nem banda nem público, a julgar pelos constantes mosh pits que se formavam. Um elogio à comida e ao álcool português e os lisboetas deliciavam-se nesta devoção que os Trivium demonstravam.
Por esta altura já o ar se tornava irrespirável, numa sala tão pequena, com tanta gente em desenfreada movimentação. Alheios a isto, os americanos ainda decidiram “espicaçar” o público dizendo que durante esta tourné os parisienses tinham sido a melhor plateia, “mas vocês ainda podem mudar isso”.
“ A Gunshot To The Head Of Trepidation” foi a desculpa perfeita para fazer os franceses saírem do pódio. Assim como o foi a sequência seguinte: “Amber To Inferno”, “Built To Fall” e “Pull Harder on the Strings of Your Martyr”.
Au Revoir a Paris. Lisboa tem agora o público preferido dos Trivium. “Se saírem daqui com voz, com o pescoço em boas condições e sem estarem cobertos em suor... é porque alguma coisa correu mal”, avisava Matt Heafy.
Os Trivium deram tudo o que o público pediu, e o público deu tudo e ainda mais do que os Trivium sonharam pedir.
A fechar com “Throes Of Perdition”, era óbvio o sorriso de satisfação na cara de Heafy. Ficou a promessa de voltarem, se continuarmos a portar-nos assim. Nós prometemos de volta.
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Fotografia: em breve
Texto: Inês Mendes
Agradecimentos: Prime Artists
Banda: Trivium
Local: Paradise Garage, Lisboa
Data: 20 de novembro de 2012
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