[REPORTAGEM]: Rock in Rio Lisboa (Dia 4) | Parque Bela Vista | 2 de Junho 2012



Num dia em que a chuva ameaçou tomar conta da Cidade do Rock, os portugueses mesmo assim decidiram ir em peso à Bela Vista.
Entre capas de plástico, sacos na cabeça, ou guarda-chuvas abertos, andar na Cidade do Rock à chuva até nos pareceu divertido.

Às 17h00, de acordo com a organização, já se encontravam 33 mil pessoas no recinto e umas tantas estavam em frente ao Palco Sunset para receber a cantora portuguesa Ana Free e os espanhóis The Monomes.

“Perfection” abriu a tarde chuvosa, que logo de seguida deu lugar a um sol ainda um pouco intimidado. Uma coisa é certa, não choveu mais durante o resto do dia, o que confirma que São Pedro é amigo deste festival: não há memória de um Rock in Rio Lisboa molhado.

Para primeira atuação do dia, Ana Free teve bastante apoio do público que praticamente encheu o “recinto” do Sunset. Se a petição online serviu como empurrão à sua participação nesta edição do Rock in Rio Lisboa, não sabemos, mas sabemos que Ana Free deu muito bem conta do recado. O ponto alto da atuação foi com o tema “Girlfriend”, bastante tocado nas rádios portuguesas.

De seguida, ainda no Palco Sunset, foi a vez dos portugueses Amor Electro trazerem a sua “A Máquina”. Um tema um tanto ou quanto saturado de muito tocar nas rádios e TV’s portuguesas. No entanto, ao vivo o cenário muda. Por muito que estejamos cansados da música, o público continua a canta-la do início ao fim. Com os Amor Electro, esteve em palco o brasileiro Paulinho Moska, do qual Mariza Liz se refere como uma referência musical para a sua banda.

Entretanto no Palco Mundo, mais uma banda portuguesa dava festa aos presentes, agora sem sacos na cabeça ou capas de plástico vestidas. O sol ajudou a colorir o concerto dos The Gift, que voltaram ao ativo depois de uma pausa de três meses devido à maternidade da vocalista.

Depois de terem estado o ano passado, juntamente com os Asteroids Galaxy Tour no Palco Sunset da versão brasileira do festival, os The Gift prometeram um clima de festa neste Rock in Rio Lisboa, até porque, o palco foi outro, e a responsabilidade também era outra.

O som, no entanto, não nos pareceu o melhor. Assim que Sónia começou a entoar as primeiras palavras de “Driving You Slow”, mal se ouvia a sua voz. Ficámos sem perceber se houve um problema técnico ou se faltou energia à vocalista. No entanto, com o avançar do concerto, o problema resolveu-se, mas Sónia não nos pareceu com a mesma energia de outros tempos. Mesmo assim conseguiu cativar os presentes, com um alinhamento recheado de grandes hits da banda. Em “RGB”, foram lançados balões gigantes e coloridos, que animaram a plateia, passando então a temas como “Ok! Do You Want Something Simple?”, “Question of Love” e “Primavera” do último álbum da banda. Tema este que foi então dedicada por Nuno Gonçalves a “uma grande vocalista e agora, uma grande mãe”, Sónia Tavares. O concerto acabou ao som de “Music” do álbum «AM-FM» de 2004.

Às 19h50 subiam ao Palco do Sunset um trio que nunca antes se tinha juntado em palco: Luís Represas, João Gil e Jorge Palma. Os dois primeiros, já bem conhecidos dos Trovante, entraram juntos ainda sem o terceiro, para tocar e cantar temas como “Rouba Corações”, “Ó Meu Querido Pai Natal” ou ainda “Feiticeira”. Mas o público queria ver era o trio, e foi em “Imperdoável” e em “Encosta-te a Mim” que Jorge Palma se juntou ao João Gil e Luís Represas, tendo recebido uma enorme ovação dos presentes, que gritavam “E salta Palma, e salta Palma olé, olé!”. Foi um convívio que celebrou a cumplicidade e a relação de amizade entre estes três músicos portugueses.

Do outro lado do recinto, às 20h30 foi a vez da britânica Joss Stone subir ao palco. Com apenas 25 anos de idade, Joss é dona de uma grande voz que já lhe rendeu a venda de mais de onze milhões de discos. Regressa assim ao Rock in Rio Lisboa, pela segunda vez, e a Lisboa com apenas um ano de diferença, depois de ter estado o ano passado no Festival dos Oceanos.

De pés descalços, que tanto a caracteriza, entra em palco radiante e sorridente, ao som de “For God’s Sake”, trazendo ainda algumas músicas novas, que aproveitou para “testar” no público português. “Stoned Out of My Mind” foi assim muito bem recebida por todos. Verdade seja dita, quem é que fica indiferente a esta grande voz do soul britânico? Carisma não falta a Joss, que transpira simpática por todo o lado.

Ainda houve tempo de alguns covers como “You’ve Got The Love” de The Source e “Fell in Love With a Boy” de The White Stripes, onde a cantora brincou com os presentes, com os típicos pedidos para cantarem, admitindo que os portugueses eram uns excelentes cantores.

Mas o momento alto da noite foi já no encore, quando a britânica cantou “Right to be Wrong”, o tema que lhe trouxe a fama que tem hoje. E muito bem merecida, digo eu.

O Rock in Rio Lisboa é um festival capaz de receber entre jovens a adultos, rockeiros ou fãs do pop, no entanto, para quem quer ver um pouco dos concertos do Palco Sunset e um pouco dos concertos do Palco Mundo, sente alguma dificuldade em movimentar-se pelo recinto. As suas colinas, e a quantidade de “com licença”, “posso passar, por favor?” que temos que ultrapassar, faz com que quem quer ver mais que um concerto, tenha que se redimir e ficar no mesmo local e assistir apenas a um palco. Quem se sentiu com isto, foram os argentinos Los Pericos, que não tiveram o prazer de ter muito público a assistir à sua atuação.

Quem estava em frente ao Palco Mundo, ali continuou, para poder assistir a um dos concertos mais aguardados da noite. 63% dos inquiridos pela organização, confessaram que a música favorita para aquele dia era a “Summer of 69” de Bryan Adams. O cantor que, na sua juventude, chegou a viver em Portugal, é bastante acarinhado pelos portugueses. Durante duas horas de concerto, muitos foram os que reviveram hits da sua juventude, enquanto que para muitos jovens, era a primeira vez que assistiam a um concerto de Bryan Adams (apesar deste ter estado em Portugal há pouco mais de meio ano).

Visivelmente mais magro e aparentemente mais velho, a voz no entanto, continua a mesma. Um alinhamento muito bem conseguido, começou com “House Arrest”, passando logo a um dos maiores hits do cantor, “Somebody”. A Bela Vista já estava rendida e assim ficou até ao fim das duas horas de concerto.

Ao meu lado muitos eram os que comentavam “ainda não está a passar na TV”, “eles só vão transmitir quarenta e cinco minutos”. E foi depois de “18 Till I Die”, que começou a transmissão em direto e a oportunidade do público vibrar com “Summer of '69”, e “(Everything I Do) I Do it for You”, seguindo-se de algo inesperado. “Às vezes isto corre bem, outras vezes é um desastre”, e assim, chamou do público uma fã que substituiu a voz da ex-Spice Girls, Melanie C, no tema “When You’re Gone”.

O menos provável de acontecer, aconteceu. A fã mostrou-se bem à vontade, tanto com a música, como em palco, vindo-se a saber mais tarde, que se tratava de Vanessa Silva, cantora e atriz dos musicais de Filipe La Féria. Dizem as críticas que tudo não passou de uma combinação, mas quer tenha sido ou não, o momento agradou a todos, e a Vanessa esteve à altura da Mel C.

Daí para a frente, os fãs tiveram o que queriam - grandes êxitos uns atrás dos outros, acabando com “Straight from the Heart” e “All for Love” numa versão acústica, acompanhada pelas luzes dos telemóveis (outrora, luzes dos isqueiros). Um “Beijinhos, muitos beijinhos” dito em português, levou Bryan para o backstage, deixando um clima de nostalgia nos presentes. O cantor podia estar a noite toda a cantar, que ninguém se iria importar.

Ninguém, a não ser os fãs de Stevie Wonder, que muito esperaram para o poder ver. Alguns esperaram uma vida, outros vinte anos (que foi o tempo que o músico demorou a vir a Portugal, desde a sua última atuação por cá).

O norte-americano que conta com 100 milhões de discos vendidos, 30 álbuns editados, 25 Grammys ganhos e milhares de concertos dados pelo mundo todo, veio ao Rock in Rio Lisboa apresentar clássicos que acompanharam a adolescência de muitos dos presentes.

Depois de Bryan Adams, Stevie apanhou um público visivelmente feliz, mas, em alguns dos casos, cansado. Muitos não aguentaram os longos instrumentais, e decidiram abandonar o recinto. Verdade seja dita, muitas famílias faziam-se acompanhar de crianças, que provavelmente não conhecem Stevie Wonder, e pouca paciência tinham para estar ali.

Se muitos pensavam que o concerto podia ser parado, com um Stevie ao piano e pouco mais, desenganem-se. O músico subiu ao palco fazendo-se acompanhar do seu keytar, deslocando-se sozinho até ao centro do palco, onde tocou, cantou, sorriu e ainda se deitou no chão, para espanto de muitos.

Com um pensamento bastante positivo da vida, e com uma alegria contagiante, Stevie ainda deu show com uma versão das músicas brasileiras “Garota de Ipanema” e “Você Abusou”, que deve ter agradado a organização do festival. Passou ainda por “The Way You Make Me Feel”, homenageando assim, Michael Jackson. Em “Isn’t She Lovely”, tema dedicado à filha, Stevie cantou agarrado à mesma - Aisha Morris - tornando este, um dos momentos mais enternecedores da noite.

Mas “I Just Called to Say I Love You” foi o mais aguardado da noite, tendo sido cantado em uníssono por todo o público.
Stevie despediu-se de Lisboa ao som de “Superstition” e de “Another Star”.

Mais uma noite acabava na Bela Vista. O Rock in Rio Lisboa torna-se cada vez mais um festival das famílias, dos grandes hits e dos grandes nomes.

Amanhã, é a vez de Bruce Springsteen fechar mais uma edição de Rock in Rio Lisboa.


Actuações 2 de Junho de 2012
PALCO MUNDO
Stevie Wonder
Bryan Adams
Joss Stone
The Gift

PALCO SUNSET ROCK IN RIO
Los Pericos
Luis Represas + João Gil + Jorge Palma
Amor Electro + Moska
Ana Free + The Monomes


REPORTAGEM ROCK IN RIO LISBOA 2012:
1º Dia (25 Maio 2012)
2º Dia (26 Maio 2012)
3º Dia (1 Junho 2012)
4º Dia (2 Junho 2012)
5º Dia (3 Junho 2012)




PALCO MUNDO


PALCO SUNSET

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Fotos: José Reboca e Cátia Santos
Texto: Cátia Santos
Agradecimentos: Rock in Rio Lisboa
Festival: Rock in Rio Lisboa
Local: Parque da Bela Vista, Lisboa
Data: 2 de Junho de 2012 (4º dia do festival)

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