[REPORTAGEM]: Russian Circles | MusicBox | 13 de Maio de 2012



Na noite quente de Domingo, o MusicBox, em Lisboa, quase se tornou pequeno para receber todos os que se deslocaram para assistir a mais um concerto de Russian Circles na capital, com a primeira parte assinada pelos Deafheaven.

Incumbidos da tarefa de abrir para os seus conterrâneos, os Deafheaven apresentaram-se num palco sem adereços nem imagens, encabeçados pela figura de George Clarke, teatral q.b e sem dizer uma única palavra durante todo o concerto.
Tal como seria de esperar de uma banda de black metal, o som foi desde o início muito pesado, ainda que com alguns apontamentos melódicos. A voz guinchada e gritada tornava impossível qualquer compreensão das letras.
Em pouco mais de 45 minutos os americanos desfilaram canções do álbum «Roads to Judah» que se assemelham a capítulos de uma história com pausas bem colocadas para facilitar a leitura. Mas se num momento estamos descansados a escutar guitarras limpas, no momento seguinte somos assaltados pela pedaleira dupla e pela voz.
O público gostou, aplaudiu e ficou ainda com mais sede para ouvir os Russian Circles.

Assim que os primeiros terminaram, iniciou-se um corrupio na sala e com a espera crescia também a ansiedade que nem as músicas de Black Sabbath que passavam no local acalmavam.
Finalmente as luzes apagaram-se e foram muitos os assobios e aplausos que brindaram o regresso dos Russian Circles a Lisboa. Uma luz baixa e amarelada banhava o palco e os três músicos apareceram envoltos numa nuvem de fumo que os acompanhou ao longo de todo o concerto.
É raro observar 3 músicos a cativar uma sala inteira desde o início ao fim, apenas com música instrumental, mas desde cedo os Russian Circles mostraram porque são uma das propostas mais interessantes dos últimos anos deste tipo de sonoridade.
As variações entre o suave e o pesado são incrivelmente construídas, assim como o é a coesão entre baixo e bateria. Mais do que isso, as composições dos Russian Circles parecem viver da antecipação de tornar as músicas “pesadas”, porque quando é pesado.. é mesmo pesado.
Interessante foi também observar que nem só de gritos se faz o heavy metal e como três comuns instrumentos, baixo, guitarra e bateria, podem ser tão brilhantemente explorados e dominados.
O melhor dos americanos Russian Circles é que não cansam. Há sempre detalhes para descobrir nas suas músicas e isso foi evidente em Lisboa.
O público dividia-se entre o assobiar de satisfação e gratidão pela música do trio e o ficar em silêncio, suspensos pela atmosfera criada.
No fim do espectáculo sai-se com a sensação de que este concerto tanto resulta numa sala pequena, como é o caso, como resultaria num qualquer festival que receba milhares de pessoas. Porque os Russian Circles são uma banda incansável; rápidos, calmos, intensos e suaves que tocam música que diz mais do que qualquer letra.

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Texto: Inês Mendes
Agradecimento: Prime Artists
Banda: Russian Circles
Local: MusicBox, Lisboa
Data: 13 de Maio de 2012

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