[REPORTAGEM]: You Can't Win, Charlie Brown | Lux | 15 Setembro 2011



Na noite de 15 de Setembro, no Lux Frágil, assistiu-se ao concerto de apresentação de Chromatic, o álbum de estreia de You Can’t Win, Charlie Brown, lançado em Maio deste ano. Sim, foi o concerto de apresentação, mas a divulgação deste trabalho iniciou-se logo após a data de lançamento. Ao longo dos últimos meses, os You Can’t Win, Charlie Brown deram a conhecer algumas das canções de Chromatic em pequenas actuações ao vivo que foram registadas em vídeo e disponibilizadas nas redes sociais. De facto, a internet foi o principal meio de divulgação e contacto, a par com os espectáculos realizados, com o público português e parece ter servido o efeito, já que a primeira edição de 1000 exemplares esgotou nos primeiros quatro meses. Dito isto, não será surpresa para ninguém quando afirmarmos que a plateia que se reuniu no Lux, na noite de ontem, trazia já o trabalho de casa completo: sabia as letras das canções, conhecia os músicos (apesar de ser impossível não conhecer já certas caras de outros projectos musicais) e, acima de tudo, trazia “nas mochilas” uma grande vontade de ver ou rever esta banda que, sem dúvida alguma, começou já a criar um pequeno clã de fãs.

Mas antes de dissertarmos sobre o concerto em si, é imperativo fazer uma pequena introdução dos You Can’t Win, Charlie Brown, que, não obstante tudo o que se disse até agora, têm uma tenríssima idade. A primeira formação aconteceu em 2009, com Afonso Cabral, Salvador Meneses e Luís Costa, mas à data de lançamento do auto-intitulado EP, em Fevereiro de 2010, David Santos, ou “Sr.” Noiserv, fazia já parte da banda e que, assim, trouxe todo o seu armazém de instrumentos e “objectos” musicais para as composições do grupo. Com este primeiro trabalho, os You Can’t Win, Charlie Brown revelaram a sua sonoridade indie/pop-rock, com influências que, de uma forma muito simplista e resumida, vão desde os antigos Simon & Garfunkel aos mais recentes Grizzly Bear. O trabalho, que incluía o tema “Sad Song”, originalmente inte-grado na com¬pi¬la¬ção de novos talen¬tos da FNAC, recebeu excelentes críticas e uma óptima recepção por parte do público português. Para os espectáculos que se seguiram, os You Can’t Win, Charlie Brown, recrutaram os músicos Tomás Sousa e João Gil (Diabo na Cruz) e a experiência deve ter corrido muito bem, já que a formação actual da banda conta com todos os 6 músicos. E foi então que, em Maio deste ano, surgiu o single de apresentação do álbum de estreia, “Over The Sun/Under The Water”, um dos temas mais populares da banda.

O sucesso dos You Can’t Win, Charlie Brown foi, de facto, relativamente rápido e a banda tem mostrado uma actividade impressionante em menos de dois anos de existência, mas tanta “pressa” não impediu que o concerto no Lux começasse com meia hora de atraso. No entanto, o espectáculo proporcionado nessa noite compensou a pequena falha, não há dúvida. Às primeiras notas de “An Ending”, ouviu-se uma ovação de alegria (e de alívio após uma longa espera, provavelmente), seguida de um silêncio quase religioso, face à interpretação intensa deste e de todos os temas dessa noite. Cada um dos 6 músicos em palco apresentava tal devoção em cada nota ou palavra oferecida que foi um verdadeiro gosto presenciar, e não só ouvir, tamanho espectáculo. E o mais engraçado era verificar quão diferentes foram este tipo de manifestações dos músicos: por um lado, temos um Afonso Cabral com caretas de sofrimento enquanto se esforça por atingir as notas cantadas mais complicadas (e conseguindo, claro) e, por outro, num contraste incrível, temos o ar calmo de Salvador Menezes que também acompanha Afonso nas vozes. David Santos, a terceira voz, esteve sempre muito compenetrado, excepto quando esfregava freneticamente o cabelo. Mas o verdadeiro rei das caretas foi Tomás Sousa, baterista, que toca com uma intensidade electrizante e que cansa só de ver (ainda bem, para ele, que o concerto contou apenas com 12 canções).

A noite avançou assim, com este ambiente intenso e ritmado, em temas como “Under The Sun/Over The Water” e “An Ending”, numa sonoridade quase épica, mas, ao mesmo tempo, relaxado e melancólico, principalmente, na interpretação dos temas “Sad Song” e “Green Grass” (nas duas versões). Assim, para além de “Sad Song” e “Sort of” do EP de 2010, foram apresentadas a maior parte das canções de Chromatic, o que implicou a primeira interpretação ao vivo do tema “Glimpse”. Para a canção “A While Can Be A Long Time”, Márcia foi chamada ao já apinhado palco que, assim, conseguiu acomodar 8 pessoas, já que Afonso Cabral fez questão de anunciar a gravidez da convidada, exigindo uma salva de palmas. De resto, o contacto directo com o público foi basicamente assim, muito pessoal, num à vontade muito intimista e sempre divertido. As palavras foram, de facto, poucas mas que não souberam, de todo, a pouco, uma vez que a verdadeira protagonista da noite foi a música de You Can’t Win, Charlie Brown.

Alinhamento:
An Ending
Until December
Green Grass #1
A While Can Be A Long Time
Songworm
Glimpse
Sad Song
I've Been Lost
All of Your Stories Fly
Over the Sun, Under the Water
~ENCORE~
Green Grass #2
Sort Of



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Fotos: Rodrigo Vargas
Texto: Filipa Leite Rosa
Agradecimentos: Let's Start A Fire
Banda: You Can't Win, Charlie Brown
Local: Lux, Lisboa
Data: 15 Setembro de 2011

1 comentários:

iaGo disse...

Fio um concerto muito bom!!

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