[REPORTAGEM]: Vagos Open Air (2º Dia) | Vagos | 6 Agosto 2011



Segundo dia do Vagos Open Air e a chuva quase que estragou os planos dos festivaleiros, no entanto aquando do início do evento o céu azul revelou-se.
Num dia que contou com menos público que o anterior, os We Are The Damned abriram as hostilidades cheios de garra e atitude para debitarem 30 minutos do chamado death'n' roll, trazendo na bagagem, o seu segundo álbum de longa duração, intitulado Holy Beast influenciado pelas vertentes do <>death metal “sujo” e do punk, com uma actuação onde se destacou o vocalista Ricardo Correia sempre cheio de pica.

Com 17 anos de carreira, os Malevolence são um nome de referência do underground nacional dos anos 90. Inactivos desde 2003 esta foi uma boa oportunidade de voltar a rever estes veteranos e a dar a conhecer a banda ao público mais novo. Com Carlos Cariano na guitarra e voz, Aires Pereira no baixo e Marcelo Costa na guitarra solo, com o baterista Gustavo Costa (dos Genocide) e o teclista Paulo Pereira como convidados, os Malevolence souberam dar um bom concerto de death netal de contornos Black mas que não chegaram a agarrar a audiência de Vagos.

Seguem-se os Filandeses Kalmah que entraram a todo o gás e nunca tirando o pé do acelerador, para gáudio de muitos dos fãs na plateia, que responderam com muitos cânticos “Kalmah! Kalmah!” e com muito crowd surfing à mistura. Os Kalmah são o típico exemplo da impressionante quantidade e qualidade de bandas que nos é fornecido pelo país dos mil lagos, cheias de técnica e mestria, mas que passado meia dúzia de músicas soa-nos tudo um bocado ao mesmo, com a sua amálgama de estilos desde o folk, death e até power metal, com solos mirabolantes de guitarra e teclado, estando este virado para a plateia, imagem de marca de Jens Johansson dos Stratovarius e banalmente copiada por inúmeros teclistas virtuosos.

Pelas 20:15 entra em palco o multi-instrumentista – guitarrista, baixista, teclista e vocalista norueguês Ihsahn, um artista de culto no panorama do Black Metal, mais conhecido por ter sido membro dos lendários Emperor e agora com carreira a solo trazendo consigo o mais recente After e músicos da banda norueguesa “Leprous”. O Black Metal nórdico com tons progressivos e vanguardistas agradou os fãs presentes que estavam com grande ansiedade para ouvir um “cheirinho” de Emperor. Tirando isto ficamos com a sensação de ver e ouvir um grande músico, com uma grande voz do panorama da música extrema mas que falta algo à sua música para atingir o nível de grandiosidade dos Emperor.

Antes da hora prevista para a entrada do multi-instrumentista Devin Townsend em palco, os mais atentos ao sound check da banda foram entretidos com cómicas montagens da cara do Sr. Devin em várias imagens como por exemplo dos teletubbies, star wars ou do álbum Spiritual Healing dos Death, complementadas com a voz da personagem Ziltoid e com músicas caricatas para a natureza do festival, dando um exemplo, Barbie Girl dos Aqua. Estes pequenos momentos cómicos dariam para perceber que não iriamos presenciar um mero concerto de metal, no entanto conhecedores ou não da banda os presentes certamente devem ter ficado impressionados com a experiência sensorial que tiveram nesta última noite de festival. A abrir com Addicted, entra em palco Devin Townsend com expressões tanto de maléficas como de cómicas ou de um qualquer génio/cientista maluco. E Devin Townsend é isso mesmo, um génio musical com níveis de insanidade q.b. provando-nos que o universo industrial dos Strapping Young Lad era muito pequeno para a sua enorme criatividade. Mais do que um concerto esta foi experiência sónica onde a massiva muralha de guitarras produzida apenas era igualada à voz de Devin. Os grandes temas seguem-se uns atrás dos outros com Supercrush, Kingdom, a mais recente Stand e Juular, nesta última com o privilégio de ver palco o Sr. Ihsahn, interpretando o tema tal como o fez no álbum lançado este ano, Deconstruction. Só faltou mesmo a presença de Anneke Van Giersbergen para cantar os temas do álbum Addicted. Hevy Devy (como costumam chamar a Devin) mostrou ser um dos melhores frontman a ja ter pisado o palco deste festival. Sem dúvida que um regresso em nome próprio seria mais do que bem vindo.

O momento mais esperado da noite só podia chegar depois da meia noite com os sons e cânticos sinistros que ecoavam pela pacata vila de Calvão, os Morbid Angel entram em palco para assombrar os presentes. Para se ter uma ideia da influência que esta banda teve no universo do metal pode-se dizer que os Morbid Angel são uma das principais bandas da cena de Tampa, na Flórida, nos anos 80; a mesma que deu origem a outros nomes grandes como Death, Deicide e Obituary. Presenciámos a uma máquina oleada de devastação total com muita intensidade e genialidade caótica, com muito virtuosismo à mistura, solos ultra técnicos de Trey Azagoth e de uma presença em palco assombrosa de voz cavernosa e baixo poderoso de David Vincent. Começam com Immortal Rites, não falhando a clássica God of Emptiness terminam com World of Shit (The Promised Land), de realçar que os temas do polémico novo album Illud Divinum Insanus não comprometeram, como por exemplo I Am Morbid e Nevermore.
Foi tudo o que se podia pedir a um dos estandartes do Death Metal, que fizeram as delícias dos presentes podendo mesmo dizer que em troca os Morbid Angel ficaram com a nossa Alma.
Aguardamos pela edição de 2012 de Vagos Open Air que tem vindo a crescer a olhos vistos em todos os sentidos, tornando-se um mini Wacken à Portuguesa e com a esperança de termos em solo nacional, nomes do Metal cada vez mais fortes.


Alinhamento 6 Agosto
Morbid Angel
Devin Townsend Project
Ihsahn
Kalmah
Malevolence
We Are The Damned


REPORTAGEM VAGOS OPEN AIR 2011:
1º Dia (5 Agosto 2011)
2º Dia (6 Agosto 2011)




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Fotos: Paulo Tavares
Texto: Ana Margarida David
Agradecimentos: Vagos Open Air
Local: Lagoa de Calvão, Vagos
Data: 6 Agosto 2011 (2º dia do festival)

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