[REPORTAGEM]: Ryan Adams | Aula Magna | 16 Junho 2011



Um papelinho branco entregue na entrada da Aula Magna chamou a atenção de todos que se dirigiram na passada quinta-feira a esta sala para assistir ao concerto de Ryan Adams. Nele continha a informação que o cantor não permitia qualquer tipo de captação de vídeo ou áudio e caso esta regra fosse desrespeitada, algum assistente de sala aniquilaria o aparelho, “trazendo até ao Ryan o poder de Satanás, ou qualquer outra força, que não seriamos capazes de compreender”. Nem os próprios fotógrafos da imprensa puderam disparar as suas máquinas, o que se tornou bastante compreensível no decorrer do espectáculo. Tendo sido este um concerto acústico, onde até mesmo o barulho do ar condicionado incomodou por várias vezes o cantor, qualquer disparo de uma máquina seria o suficiente para atrapalhar a actuação.

Numa Aula Magna que não estava lotada mas encontrava-se bastante bem composta vimos surgir da porta do fundo um rapaz aparentemente acanhado, que lançou um tímido “boa noite”, mas que ao longo da noite foi descontraindo e até mesmo protagonizando alguns momentos engraçados.

No meio do palco encontrava-se um piano, uma mesa e uma cadeira, onde o cantor se instalou e dali só saiu umas duas ou três vezes. Sentou-se e começou por afinar a sua guitarra – que posteriormente confessou ser a sua preferida e a única que tinha trazido para esta digressão acústica, e como tal, pedia compreensão pelo tempo que demorava para a afinar no intervalo de cada música. Ainda confessou, ironicamente, que a mesma tinha acordado de manhã primeiro que ele e lhe tinha preparado o café da manhã - o público mais uma vez soltou uma gargalhada, não se mostrando minimamente preocupado com a demora. Até compreendeu quando, a meio do primeiro tema, Oh Sweet Carolina, o cantor pára de tocar e começa a insultar a sua harmónica, dizendo que esta parecia que tinha andado a beber, pedindo uma garrafa de água para a ‘afinar’. No meio de batidas na mesa e pedido de “wake up”, a harmónica lá cooperou e Ryan seguiu com o tema.

Ainda na segunda canção, Firecracker vimos um Ryan bastante morno, sempre de cabeça baixa, mesmo quando lançava uma ou outra palavra ao público, num tom que quase nem conseguíamos ouvir.
Don’t Fail Me Now deu logo lugar a Please Do Not Let Me Go, e num instante os temas passavam por nós quase sem os vermos. Uns aproveitavam para fechar os olhos, descontrair e ‘saborear’ o momento, e outros, devidamente acompanhados, aproveitavam para encostar a cabeça ao ombro no parceiro como se aquele momento tivesse parado e só ali estivessem os dois.

Ryan que protagonizou vários momentos de risota, colocava a mão ora num bolso ora noutro, na esperança de encontrar a sua palheta. No meio daquela descontracção, lá a encontrou e continuou a noite ao som de If I Am a Stranger e Everybody Knows.
Para New York New York, Ryan sentou-se ao piano, para aquele que seria o primeiro tema sem os acordes da sua guitarra. Mas assim que a canção acabou, voltou de novo a colocar o banco no meio do palco e mais uma vez procurou a sua palheta nos bolsos e confessou “acho que mais nada poderá correr mal”, dando lugar a Roll Away e 200 More Miles.

Muito mais descontraído Ryan ainda deu um conselho a quem na plateia por vezes tossia. Preocupado, o cantor aconselhou o fã a vestir o pijama assim que chegasse a casa, beber um chá e ver uma comédia romântica.
Ao fim de Desire o cantor agradeceu a presença de todos e a paciência que tiveram com os percalços que aconteceram pelo meio, acabando com Come Pick Me Up. Ao deixar o palco, os fãs pediram mais. Incansáveis, estiveram alguns minutos de pé a aplaudir o cantor, que minutos depois retornou ao palco para cantar mais dois temas.

Nem os problemas técnicos conseguiram fazer desta primeira vez de Ryan Adams em Portugal um desastre. O público gostou e aplaudiu, na esperança de poder ter de volta ao nosso país este descontraído, tímido e loucamente animado cantor norte-americano.

Ainda antes da actuação de Ryan Andams, tivemos a presença do seu amigo Jesse Malin, que Ryan confessou que quando toca parece que estamos numa festa no pátio. Pouco passavam das das 21h quando Jesse subiu ao palco da Aula Magna cantando e tocando temas como Wendy, Hotel Columbia, Almost Grown, Brookly e Going Out West. Este que confessou ter começado com o estilo punk, apresentou-se num estilo muito country com um chapéu que nos fazia lembrar uma quinta algures no interior da América.
Esta quase uma hora não pode ser considerada apenas como um concerto, foi sim, um serão passado quase que à mesa de um café, a falar do passado, ouvindo ao mesmo tempo uma música que nos soava que nem ginjas.
Jesse falou-nos de amores, do divórcio dos pais e ainda de castigos que teve na escola. Momentos que nos fizeram sentir que Jesse quase que fazia parte do nosso círculo de amigos há imenso tempo.
Pediu que deixássemos de comprar CD’s pela Internet, pois a magia ainda continua na ida às lojas, onde quem sabe, possamos encontrar o nosso grande amor. Mostrou ainda o seu contentamento por saber que ainda há pessoas que saem de casa para ver concertos ao vivo, ao invés de ficarem em frente aos computadores a ver vídeos do youtube.
Foi uma primeira parte muito bem entregue e que passou tal como a segunda, num abrir e fechar de olhos.

Alinhamento:
Oh Sweet Carolina
Firecracker
Don't Fail Me Now
Please Do Not Let Me Go
If I Am a Stranger
Everybody Knows
New York New York
Roll Away
200 More Miles
This House Is Not For Sale
16 Days
-
English Girls Approximately
Strawberry Wine
Desire
Come Pick Me Up
~ENCORE~


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Texto: Cátia Santos
Agradecimentos: Everythins is New
Cantor: Ryan Adams
Local: Aula Magna, Lisboa
Data: 16 Junho de 2011
Site oficial do Cantor: www.ryanadams.org

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