[REPORTAGEM]: Cristina Branco | Centro Cultural de Paredes de Coura | 8 de Abril de 2011



Uma noite de fantasia surgiu através dos acordes emanados por Cristina Branco, no dia 8 de Abril no Centro Cultural de Paredes de Coura.

O concerto teve início no Fado Menor Porto traçado pelo tema Não É Desgraça Ser Pobre seguindo-se de Não Há Tangos Em Paris, fazendo com que a plateia se depara-se com uma fusão magnificente entre a melancolia do fado e a pura sedução que o tango provoca.
E se existe uma ligação muito forte de Paris a Buenos Aires, confirmamo-la ao contemplar Anclao En Paris que nos traz a saudade de um pedaço de terra maravilhoso. E se até agora o balançar se encontrava naqueles corpos presos àquelas cadeiras, Dos Gardenias, fez com que se ouvissem os sussurros tímidos oriundos da plateia.
Decerto que ninguém se vai esquecer daqueles fantásticos músicos que acompanham Cristina Branco e que elevam as notas pautadas e deixam-nas flutuar pelo ar que invade a sala, no piano e acordeão – Ricardo Dias –, na guitarra portuguesa – Bernardo Couto –, na viola – Carlos Manuel Proença –, e no contrabaixo – Bernardo Moreira.
Longe do Sul, mas perto do fado por entre as palavras de Cristina que proferiu “Não importa se estamos em Lisboa ou em Pequim, pois o fado é sempre igual.”

A sensualidade fazia se notar inquieta naquele palco por gestos que declamam a leveza da ingenuidade, deixando-nos com a melodia Se Não Chovesse Tanto. Num instrumental onde predominava o dedilhar das cordas da guitarra portuguesa, fazia soar no rosto do público um ar de admiração e um profundo contentamento por estarem ali naquele momento.
De volta ao palco, Cristina presenteou-nos com uma música do Zeca Afonso – Era Um Redondo Vocábulo –, seguindo-se de Laurindinha onde se abrigou perto do piano transformando este instante mais intimista.
Foi com o poema de Maria João – Um Amor –, que mais uma vez o castelhano se fez soar pelas cordas vocais desta talentosa cantora, que se deixa levar pelas diversas línguas lembrando que não existem fronteiras na área musical.
Com uma carga de expressão dramática e uma rapidez lúcida das palavras traçada pelo tema Bomba Relógio de Sérgio Godinho, deixando Cristina esboçar no final um “Isto cansa!” seguindo-se de um sorriso.

O fim anuncia-se através das palavras que Cristina anunciou – “Antes de mais estão a gostar?” – seguindo-se da apresentação dos restantes músicos. E como forma de agradecimento o tema Meu Amor É Marinheiro, com a letra de Manuel Alegre, elevando a razão da existência do fado.
A ovação de pé prestada pela plateia instalou-se na sala, estabelecendo o encore com os seguintes vocábulos “Sabem que isto de trabalhar os discos novos não é para todos.” O pai dos fados ecoa lá no fundo Os Teus Olhos São Dois Círios, sentindo-se a emoção naquela alma que encanta e canta.
E para que o sentimento nostálgico não permanecesse em nós, e porque Lisboa será sempre uma linda mulher, no fim desta brilhante navegação por entre terras lusitanas, resta-nos o poema de David Mourão Ferreira – Maria Lisboa.

Alinhamento:
Interlúdio
Não É Desgraça Ser Pobre (Fado Menor Porto)
Trago Um Fado
Não Há Só Tangos Em Paris
Serenata Del 900
Anclao En Paris
Dos Gardenias
Longe Do Sul
Dá-me O Braço Anda Daí
Se Não Chovesse Tanto…(Fado Súplica)
Instrumental
Era Um Redondo Vocábulo
Laurindinha
Sete Pedaços De Vento
Un Amor
Fado Tango
Bomba Relógio
Canção De Amor E Piedade
Meu Amor É Marinheiro
~ENCORE~
Os Teus Olhos São Dois Círios
Maria Lisboa


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Fotos: Carina Guilherme
Texto: Maria Manuel
Agradecimentos: ONC Produções
Cantora: Cristina Branco
Local: Centro Cultural de Paredes de Coura, Paredes de Coura
Data: 8 de Abril de 2011
Site Oficial da cantora: www.cristinabranco.com

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