[NOTÍCIAS]: Ricardo Rocha no Teatro Maria Matos



Ricardo Rocha reúne toda a sua obra – 17 composições originais – naquele que é um dos seus raríssimos concertos a solo.
A guitarra portuguesa suporta aos seus ombros a maior e mais pesada das heranças lusitanas ao assumir-se como o veículo do fado e, consequentemente, o nosso mais legítimo instrumento.
No entanto, há uma espécie de destino cruel para o seu repertório solístico, parecendo permanentemente refugiar-se no valioso espólio que Carlos Paredes nos deixou, não admitindo nem muitos, nem importantes concorrentes, como se a guitarra portuguesa tivesse esgotado o seu léxico. Aliás, é o próprio Ricardo Rocha – talvez o melhor solista da actualidade – que confessa regularmente o seu relativo desapego que nutre pela guitarra, desiludido pela sua rigidez musical. A relação de todos nós com o instrumento que melhor nos poderia singularizar é, também por si, a maior prova das nossas características e um modo muito idiossincrático de como nos definimos colectivamente. Ainda assim, na exígua lista de soberbos executantes, o nome de Ricardo Rocha parece alumiar um pouco do futuro que esperamos para a guitarra, atirando-a para um mundo novo de referências – incluindo as tradições lavradas por Carlos Paredes e Pedro Caldeira Cabral – que nos devolve a esperança que a história do instrumento não se afunde nas páginas e nas gravações de um arquivo etnográfico. Também por isso, esta noite é rara; tal como as hipóteses de ouvirmos Ricardo Rocha em palco, sozinho com a sua e nossa guitarra.
guitarra portuguesa Ricardo Rocha

Ricardo Rocha nasceu em 1974. É neto de Fontes Rocha, o mestre de Guitarra Portuguesa que durante tantos anos acompanhou Amália Rodrigues. Pegou na guitarra do avô ainda mal sabia falar. Ouviu Carlos Paredes, desfez-se e refez-se. Começou a tocar em público na adolescência, ao lado de inúmeros fadistas. Com alguma vergonha e maior relutância estava encontrado o seu instrumento, embora aos 16 anos experimentasse o piano, alterando dramaticamente a sua concepção musical. Aí encontrou a soberba da auto-suficiência enquanto que na guitarra lutava com um instrumento inflexível, com aquelas cordas de aço em altíssima tensão que exigem uma disposição física total. Em meados dos anos 90 chegou aos discos: gravou Luz Destino com João Paulo Esteves da Silva, Maria Ana Bobone e Mário Franco e entrou em álbuns de Vitorino, Sérgio Godinho ou, entre outros, Carlo s do Carmo. Em 2003, edita em nome próprio Voluptuária (Vachier & Associados) e ganha mais prémios do que os que sabia existir (alguns: Prémio Carlos Paredes, Prémio Revelação Ribeiro da Fonte para Jovens Compositores, Prémio Amália Rodrigues para Melhor Guitarra Portuguesa). Está em quase todos os discos de Maria Ana Bobone. Acompanha frequentemente Carlos do Carmo. Em 2004, regista um disco de guitarradas (Tributo À Guitarra Portuguesa, de Armandinho a Jaime Santos) para acolecção de fado do jornal Público. Começa a gravar Luminismo. Em 2007 produz, com Marcos Magalhães e Ana Quintans, Sementes do Fado. Apresenta-se a solo na Casa da Música e no CCB. Recusa mais convites para entrar em discos ou concertos do que os que podemos enumerar mantendo a elegância. Em 2009, a pedido de Maria Ana Bobone e Isabel Roseta, estreia-se a compor fados e Carminho convida-o para a acompanhar na interpretação de um desses originais no seu disco de estreia. Há muitos anos que não se mantém ligado a uma casa de fado. Mas não é impossível apanhá-lo no espaço natural do género. Faz com frequência substituições e tanto pode aparecer duas ou três vezes durante uma semana num restaurante quanto só aí voltar passado um ano. Nunca avisa.


Ricardo Rocha | Teatro Maria Matos (Sala principal)
Terça 29 Março 22h00
12€ / Com desconto: 6€






[+]info: www.teatromariamatos.pt

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