[REPORTAGEM]: Vodafone Mexefest (2º Dia) | Lisboa | 3 de Dezembro 2011



O segundo dia do Vodafone Mexefest ficou marcado com a presença de, entre muitos, James Blake. Mais uma vez Lisboa recebeu de braços abertos uma enchente de pessoas que quiseram passar uma noite recheada de música e bons concertos.

Coro Africano da Igreja de São Luís dos Franceses | Igreja de S. Luís dos Franceses

Ao primeiro batuque do Coro Africano toda a gente que estava na Igreja São Luís dos Franceses deu um salto. Um músico de altura e porte consideráveis sentava-se junto de um djembe e com uma forte batida deu o tiro de partida. O Coro Africano é constituído por pouco mais de vinte e cinco pessoas oriundas da Guiné e do Senegal, entre outros locais, com excepção de uma única mulher branca, “porque este grupo chama-se Coro Africano mas está aberto a qualquer pessoa”. Dirigido pelo maestro Benjamin Mendy, o Coro Africano foi uma agradável surpresa neste primeiro Vodafone Mexefest e provou que a qualidade não se mede pelo estilo musical nem pela formação de quem canta. Inteiramente constituído por cantores amadores, o Coro estava em casa, literalmente, e nervosismo foi coisa que não se observou em nenhum dos elementos. E como não é todos os dias que se assiste a um espectáculo numa Igreja, ainda para mais em época natalícia (que dá sempre um valor especial), os espectadores eram muitos e alguns ficaram mesmo à porta.
Entre sonoridades mais tradicionais, outras mais natalícias, outras mais gospel, o Coro Africano desdobrou-se a cantar em inglês, francês e numa série de outros dialectos difíceis de acompanhar, mas não por isso menos interessantes.
Os poucos solistas que o grupo tem não são, de todo, os melhores cantores de coro a que já se assistiu, mas cumprem o seu papel e para cantores sem qualquer tipo de formação, não se saíram nada mal, apesar das suas vozes não terem a projecção e a força que seriam necessárias.
O maestro também cantou, lá mais para o fim, onde se fez acompanhar da força dos djembes e dos tambores, tocados por um artista internacional da Guiné, convidado para este concerto.
“Queremos dar algo à comunidade”, afirmou Benjamin Mendy. E fizeram-no, pelo menos no passado sábado deram um excelente início ao segundo dia do Festival Vodafone Mexefest.




Old Jerusalem | Igreja de S. Luís dos Franceses

Os Old Jerusalem apresentaram-se no Vodafone Mexefest iguais a si mesmos. Personificados na figura de Francisco Silva, tocaram ao início da noite na Igreja de S. Luís dos Franceses e apesar das muitas pessoas que se encontravam à porta, o constante sair era maior do que o entrar, à medida que o concerto se desenrolava.
Para cada música, Francisco Silva explicava e introduzia e referia sobre o que era, para quem era, em que situação tinha sido escrita -uma a uma.
Nem as composições ligeiras e simples por que são caracterizados foram capazes de salvar um concerto a meio gás, desprovido de qualquer entusiasmo. Assim como também não o foi a afinação irrepreensível do seu vocalista
Foi uma pena que nada de novo se tenha passado nesta prestação dos Old Jerusalem no Vodafone Mexefest.




EMA | Cinema São Jorge – Salas II

Quem se juntou ao grande lote de bons nomes nesta segunda noite de Vodafone Mexefest foi EMA, sigla para Erika M Anderson, nome da artista provinda de San Francisco. Esta que é tremendamente parecida em aspecto e atitude a Jermina Pearl, vocalista de Be Your Own Pet e que conta com um álbum no seu espólio, veio a Lisboa apresentar «Past Life Martyred Saints», um compacto de canções de sonoridade bastante esotéricas, sempre com uma linha de rock de fundo.


Algodão | Casa do Alentejo

Possivelmente a sala com a pior acústica do festival, a Casa do Alentejo abriu portas para receber (e esperar não estilhaçar) a actuação de Algodão, o novo projecto do mentor dos Da Weasel, Carlos Nobre. Um set intimista com recurso a três músicos (com participação especial de uma violinista a meio) que foi intenso em emoções e fortes nas letras, quase como um contar de histórias de embalar mas para adultos, onde se destacaram as canções “Mãe da Filha”, “Por Ti Arriscava Tentar, Por Ti Arriscava Dançar” e o single “Ela Vai e Vem”.



Oh Land | Cinema São Jorge - Sala I

Afirma-se já: Oh Land foi uma das vencedoras do Festival Vodafone Mexefest.
Um S. Jorge completamente cheio rendeu-se à pop electrónica da dinamarquesa, que conseguiu manter toda a gente a dançar e a cantar.
Pouco depois da hora marcada, Nanna Øland Fabricius subiu ao palco, decorado apenas com uns balões brancos, usando um vestido nude e um corno de unicórnio na cabeça. E ainda não tinha aberto a boca para cantar, já o público aplaudia (e muito) de pé, adivinhando já que este era um dos concertos mais antecipados.
De facto, Oh Land mantém o registo muito semelhante à gravação em CD e a sua presença em palco é notável. Ela está em todo lado, canta, dança, salta, vai junto da bateria, vai junto do público e nunca perde a postura que quer.
“Son of a Gun”, logo no princípio fez as delícias dos presentes, com as primeiras filas a cantar entusiasticamente. “Wolf & I”, aqui cantada como “Lisbon & I”, derreteu quem ainda não se tinha rendido e em “Rainbow” conquistou os mais apaixonados.
A música de Oh Land vive muito dos arranjos electrónicos e nenhum deles é descurado ao vivo por nenhum dos dois músicos que a acompanham.
Muito faladora, Oh Land brindou com os presentes, “Saúde”, disse, elevando uma garrafa de água, e “White Night” encontrou as primeiras filas a cantarem sozinhas os primeiros versos do tema. A setlist foi dominada pelo seu último álbum, homónimo, lançado em Março passado. Uma escolha segura e sensata, pois não podemos esquecer estar num concerto de estreia.
Já perto do fim a sala encontrava-se muito menos vazia, provavelmente por causa da corrida ao concerto de James Blake, mas isso não intimidou a cantora. Saiu e voltou logo de seguida para um encore de duas canções, saiu do palco, veio junto da plateia e misturou-se com o público. Mais não se podia pedir.
A estreia em terras lusas não foi nada má e não seria de admirar que o seu nome voltasse a ser anunciado num qualquer cartaz futuro. Quiçá, para um concerto a solo.




Beat Connection | Restaurante Terraço Hotel Tivoli

“Isto é muito electro dance”, dizia alguém na plateia no início do concerto de Beat Connection. E até era um pouco. Mais dance que electro, mas do bom, com bom ambiente e muita gente no Terraço do Tivoli de copo na mão.
É um pouco isso que os Beat Connection dão vontade de fazer, beber um copo e ouvir a sua música relaxada e dançante q.b.
Esta foi a sua primeira visita a Portugal e ainda que curta, serviu para perceber o potencial destes dois senhores munidos apenas de uma guitarra e um computador portátil.
Fez lembrar um pouco, um qualquer palco de after hours num festival de verão, não fosse o facto de ter acontecido a meio do Festival Vodafone Mexefest, quando ainda havia muita coisa para ver e conhecer.
Também é verdade que nem todos os presentes ali estavam para ver Beat Connection. Claro que alguns deles eram aqueles que não tinham conseguido assistir a James Blake e então ali estavam a fazer tempo e a matar a curiosidade. Nada contra. Assistiram a um concerto pequeno, é certo, mas contagiante e bom para retemperar forças para os que ainda faltavam.


James Blake | Teatro Tivoli

Estávamos ainda a mais de meia hora do concerto começar e o Teatro Tivoli já tinha à sua entrada uma enorme fila, a razão? James Blake claro está. O grande nome de todo o festival foi muito possivelmente a grande razão da compra da maioria dos bilhetes para esta edição. Dentro da sala a busca incessante por um lugar foi tal que, deu azo à imaginação e improviso, onde até o chão foi o assento de muitos, uma vez que o teatro encheu pelas costuras. Pouco depois da hora agendada aparece o senhor Blake, que decide então apresentar-se diante da multidão onde foi de imediato recebido com uma ovação em pé, como que já merecesse o mundo a seus pés de tal hype e reputação que ostenta neste momento. Contudo este mesmo hype é completamente justificado não só pela sua música como a actuação que ofereceu. Iniciando o espectáculo com “Unluck”, eram logo visíveis os gritos de histeria de fãs mais obcecados que, infelizmente, marcaram o resto de toda a actuação, tirando algum do intimismo e conforto que tanto faz sentido e é necessário para apreciar a sua música. Houve tempo para alguns dos temas dos seus EP´s como “Tep and Logic” e um dos primeiros grandes momentos da actuação, “I Never Learn To Share”. Canção em que é necessária a sobreposição da gravação de samples vocais, chegou mesmo a ter uma pequena contribuição do público, uma vez que a reacção entusiasta do público à canção anterior foi tal que acabou por ser gravada juntamente com a voz de Blake, o que foi engraçado uma vez que acabámos por ouvir uma versão da canção com um travo de coro à lá claque de futebol.
Já em “Lindisfarne”, canção bastante minimal e intimista, que requer uma audição em completo silêncio, ficou sujeita mais uma vez a várias reacções de histeria que foram logo sujeitas a uns “shh´s” de repreensão por outra parte do público, facto outra vez engraçado que até teve direito a comentário do próprio artista, que referiu que o som dos “ssh´s” acabou por ser maior que os gritos. Houve lugar a uma grande rendição dubstep de “CMKY”, excelente composição musical que puxava sobretudo para a dança, tivéssemos nós noutra sala. O single porta-estandarte do álbum, «Limit to Your Love», atingiu novos patamares com um desfecho final bastante experimental, como que de um remix à própria canção se tratasse, e “Whilhelm Scream” foi o culminar estrondoso e perfeito que, possivelmente, utilizou ao máximo as potencialidades do sistema de som da sala em questão, talvez o momento mais épico e bonito de uma grande actuação, que ficará marcada para sempre como uma das melhores deste ano. O aplauso e agradecimento por parte da audiência foi tal que o senhor James ainda decidiu voltar para uma linda e harmoniosa interpretação da cover de Joni Mitchell, cover essa onde os seus dotes vocais vieram comprovar a grande capacidade e talento deste artista, que marcou o cenário musical deste ano de 2011.




Toro Y Moi | Cinema São Jorge - Sala I

O ensurdecedor início de Toro Y Moi arrancou aplausos efusivos ao público que enchia a sala principal do S. Jorge. As luzes laranjas minimais deixavam ver um Chazwick Bundick e companhia em cima do palco e mais uma vez, toda a gente de pé, para assistir ao devaneios eléctricos e sintetizados de Toro Y Moi.
Houve muito sintetizador e muita electrónica, ainda que a vertente mais aproximada ao rock tenha dominado grande parte do concerto, assim como as músicas retiradas do último álbum «Underneath the Pine».
Pouco conversadores e muito concentrados, os Toro Y Moi transformaram o S. Jorge numa pista de dança, nesta noite de sábado, de onde quase ninguém arredava pé. O contraste entre momentos mais calmos e descargas intensas de rock dançável foram uma constante.
Este era, sem dúvida, um dos concertos mais antecipados e um dos nomes mais fortes do cartaz. E não desiludiu. A vibe electrónica estava lá, o ambiente criado estava lá e secção rítmica tão importante, estava lá. Faltou uma achega ao público, que só lhes tinha ficado bem.




Blood Red Shoes | Sala SBSR - Estação Restauradores





REPORTAGEM VODAFONE MEXEFEST 2011:
1º Dia (2 Dezembro 2011)
2º Dia (3 Dezembro 2011)


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Fotos: Joana Sousa e em breve
Texto: Inês Mendes e Tiago Gonçalves
Agradecimentos: Música no Coração
Festival: Vodafone Mexefest
Local: Lisboa
Data: 2 de Dezembro 2011 (1º dia do festival)

2 comentários:

Anónimo disse...

Alguém podia ensinar os jornalistas da Tribo da Luz a colocar vírgulas... Que mau português que se pratica por estes lados!

Anónimo disse...

muito bons os concertos mas deviam rever os textos antes de serem colocados no site, podiam ser melhorados

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